A liberdade de pensar igual a todos

A internet que revolucionou o nosso mundo, as redes sociais que nasceram para dar voz a tantas vozes e venderam a liberdade de expressão e de pensar a todos está se mostrando um monstro que talvez seja incontrolável.

Eles começaram definindo o que nos mostram, através das nossas preferencias de busca, das páginas que visitamos, dos assuntos que nos interessam e de inúmeros mecanismos definem o que será entregue para mim ou para você. Mas essa pseudo-vantagem que de um lado te mostra milhares de coisas que lhe interessam, por outro lado escondem outras milhares de coisas que poderiam um dia te interessar, você sem saber acaba preso em um bolha que limita os assuntos e pensamentos que chegam até você, as redes acabam lhe mostrando mais de um pensamento ou ideia que você já tem e isso é perigoso demais, afinal pode reforçar uma ideia sua e fazer você pensar que ela é uma verdade absoluta.

Mas até ai, tudo bem, afinal quem quiser buscar conhecimento e estourar a bolha pode fazer buscas diferentes, pode usar de outros instrumentos.

O mais grave estamos vendo agora! Eles estão definindo o que se pode ou não ser dito, o que se pode ou não ser pensado ou publicado, você continua podendo pensar o que quiser, falar o que quiser, divergir de ideias, questionar verdades questionáveis desde que elas estejam de acordo com os termos de uso e o pensamento por trás dos que controlam essas empresas.

Milhares de pessoas durante toda a história da humanidade mataram e morreram pelo direito de ser livres, livres nos seus corpos e também nos seus pensamentos.

Spinoza dizia que a liberdade se opõe ao constrangimento e que só é realmente livre aquele que não é constrangido por nada no ato de criar, para Kant, liberdade é a autonomia de cumprir seu dever e sermos donos das nossas ações e de nós mesmos. A filosofia em sí, classifica a liberdade como a independência do ser humano, como o poder de autonomia e espontaneidade.

Satre dizia que o homem estava condenado a ser livre e eu lhe digo, estamos condenados a viver uma pseudoliberdade.

Vivemos anos de censura, e até hoje vemos pessoas falando que eram perseguidas porque pensavam diferente a perseguição agora continua só que de forma mais polida, ela não é mais física somente, ela é intelectual e está a um click de distância.

As empresas são particulares, podem fazer o que quiserem? É questionável, mas nós somos os donos da situação, se um dia deixarmos de ser ávidos por likes e admiração dos que frequentam essa bolha e simplesmente sairmos desses meios esse poder acaba.

Se dê o direito de pensar, de ser livre, de ter opinião. Hoje os “canceladores” de plantão, a galera da “lacração”, os papagaios de verdades alheias estão limitando o direito de contestar. A constituição brasileira, artigo 220, diz que é vedada a censura de qualquer pensamento artístico, ideológico ou político. Cicero dizia “Para que possamos ser livres, somos escravos das leis.” Se a constituição é a lei maior do país porque está sendo desrespeitada?

Você já se perguntou quem define o que é verdade e o que não é? Já se perguntou quem define o que é verdade? Já pensou quem define as noticias que chegam até você e o porque do seu viés?

É cômodo apenas ler algo e repetir isso como verdade, a preguiça de pensar é talvez o maior crime que se pode cometer contra sua própria vida e sua liberdade.

Deixem os espíritos livres existirem, deixe o pensamento contrário entrar na sua vida, se dê o direito e exija o direito de ouvir algo que não concorda, afinal o contraponto pode lhe dar uma outra visão sobre algo que você tem como verdade absoluta ou até mesmo reforçar a sua crença atual.

Já dizia Nietzsche “Chamamos espírito livre aquele que pensa de outro modo do que podia se esperar de sua origem, de suas relações, de sua situação e de seu trabalho ou das opiniões reinantes em seu tempo.”

E termino esse texto exigindo que você assim como eu não aceite censura de nenhuma espécie, não aceite que lhe digam o que pode ou não ser publicado, o que pode ser ou não pensado, você tem o direito de se expressar, o direito de pensar diferente e deve também ser responsável pelos seus atos e consequências

Afinal conforme Oscar Wilde já disse uma vez ‘Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Pedro Fabrini

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