Viajando de caminhão

Começamos hoje a coluna Poesia & Geografia, uma coluna que será diferente, escrita com um pouquinho de prosa e o restante em poesia. Vamos falar da geografia da região Sudeste, começando pelo estado de São Paulo. Para quem gosta de mapas, o mapa de São Paulo é um prato feito, é o décimo segundo estado em extensão mas conta com mais de 600 municípios. É muito assunto que dá para tratar dentro deste vasto mundo. 

E o poema que trago é para mostrar os curiosos, engraçados e poéticos nomes das cidades paulistas. Usei no poema  a métrica do cordel nordestino, com estrofes de seis versos, as sextilhas, com sete sílabas poéticas em cada verso. Para dar certo, só mesmo com a ajuda de um narrador caminhoneiro, de braço esquerdo bronzeado e bom de conversa.

 

UM POETA SOBRE RODAS

 

                                                   Para o Paulo Netho

 

Uns dizem, sou motorista

Que por cordel tem paixão.

E outros: é um cordelista

Que anda na contramão,

Errando  rimas e  marchas

Guiando um caminhão.

 

Já rodei São Paulo inteiro

Norte, sul, aqui e ali,

Brejo Alegre, Ilhabela,

Tatuí e Tanabi,

Santa Rosa do Viterbo,

Tremembé e Birigui.

 

Eu conheci Cosmorama,

Miguelópolis, Poá,

Mira Estrela, Ponta Linda,

Sertãozinho, Juquiá,

Campinas, Divinolândia,

Borá, Quatá e Mauá.

 

Fazia muito calor

E fui nadar em Ubatuba

Mas depois subi a serra

Até Itaquaquecetuba.

Já levei  frete bem  longe

Pra lá de  Araçatuba.

 

Tenho amigos em Matão,

Cubatão e Avaré,

Jaú, Itu, Bauru,

Iperó e Sumaré,

Bragança, Mairiporã,

Urupês, Taubaté.

 

Adeus São Paulo querido,

Adeus Tupã e Quatá,

Iacri, Ribeirão Preto,

Piracaia, Ibirá,

Adeus meu povo de Osasco,

Saudades deixei por lá. 

 

José Santos

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