O Que nos falta são valores humanos

Todos os problemas do mundo, não se encontram no plano material, toda miséria física está no plano moral, espiritual e psicológico do homem.

A crise que tanto ouvimos falar e tanto discutimos nos nossos dias de hoje é muito mais uma crise de valores do que qualquer outra coisa.

É ridículo achar que a fome é falta de alimento, a fome é na verdade falta de fraternidade, a pobreza não é falta de coisas materiais é falta de integridade.

Saber o que são valores humanos e desenvolve-lo dentro de nós é o que pode fazer de nós verdadeiros seres humanos, sem desenvolver os verdadeiros valores que nos diferem dos outros animais somos apenas humanos em potencial e não seres humanos de verdade.

É esse desenvolvimento, essa clareza de valores que nos falta nos dias de hoje, estamos tão absorvidos dentro dessa “matrix” que vamos nos deixando levar e ficamos paralisados frente a injustiças, a fome, a morte ou a qualquer problema que atinja outra pessoa.

Consideramos normal, ficamos apáticos, consideramos um problema grave que alguém tem que resolver, mas que ninguém se move.

Se tivéssemos claro os valores que fazem do ser humano um ser único, e fizéssemos cada um a nossa parte, estaríamos mais próximos de um mundo mais justo e de tornar esse planeta não um lugar de expiação, mas de paz e de harmonia.

O egoísmo é a base da maior parte dos problemas do mundo físico, há um texto budista que diz ‘Devido à sua ambição e egoísmo, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio”

pense comigo. Se tirarmos o egoísmo da nossa vida, e aqui é importante avaliar realmente nossas atitudes afinal ninguém se considera egoísta, mas inúmeras vezes nossas atitudes dizem o contrario o que sobraria? A fraternidade. E Fraternidade vem do latim Frater que significa irmão. Significa olhar o outro como se fosse uma parte de nós mesmos, como se estivéssemos intimamente ligados, nos preocupar com a humanidade como um todo. Ainda na etimologia da palavra, no Indo-europeu, Frater vem de Bhrãter que significa “aqueles que vieram de uma única fonte.”

Em um dos textos de A REPUBLICA, Platão dizia que todos os guardiões da sua cidade ideal, quando tivessem filhos, essas crianças seriam todas misturadas entre si no nascimento, e assim as pessoas seriam obrigadas a amar a todas as crianças já que não saberiam qual é seu filho ou não e teriam um sentimento de irmandade real.

Perceba que o laço sanguíneo, que deveria ser o inicio de um laço fraterno que deveria se estender a outras pessoas independente do nosso DNA se tornou para nós mais uma amarra do que apenas um primeiro laço. É como se tivéssemos obrigação moral apenas com o nosso DNA com o nosso laço de sangue, precisamos abrir nossa mente e nossa concepção de família e entendermos de uma vez por todas que pertencemos todos a uma única família, a humana, e que podemos ir mais longe e que estamos todos ligados a esse planeta, que nossas cinzas serão parte dessa terra e que sendo assim a ligação e a responsabilidade é muito maior do que nossa limitada visão é capaz de enxergar.

Se tomarmos por exemplo uma criança trocada na maternidade, após 15 anos, se essa mãe descobre isso, o amor deixa de existir? Ou se expande também ao filho biológico?

Após um tempo o fator biológico se torna apenas o laço de partida

Luther King dizia ” Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos.”e se o mundo hoje nos parece louco é exatamente por não nos vermos como irmãos.

Somos mais do que nosso DNA, se temos necessidade de ter um mundo mais justo, todos que pensam assim são nossos irmãos, se temos a necessidade de ter um mundo mais amoroso, todos que assim pensam são nossos irmãos. E esse grau de responsabilidade nos dá medo, e esse medo nos torna omissos.

Amar teu próximo como a ti mesmo, ver a humanidade como unidade, desenvolver os verdadeiros valores humanos e entender que o Amor é a base de tudo, entender que a fome que dói no nordeste dói no siri Lanka, a morte de uma criança na favela de São Paulo dói como a morte de uma criança na África.

Quando nos vemos como irmãos e desenvolvemos os verdadeiros valores, a dor e a injustiça não tem DNA, não tem passaporte nem nacionalidade. Quando percebemos que nosso egoísmo é o que planta a maior parte dos problemas no mundo material e que ele é a fonte dos maiores males do mundo e começarmos a anula-lo teremos um mundo mais justo.

E a melhor forma de derrotar o egoísmo não é necessariamente lutando contra ele mas reforçando a nossa virtude oposta que é a fraternidade.

Afinal, segundo Swami Vivekananda “quem realmente sente a fraternidade, não fala: faz e vive.”

Pedro Fabrini

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