PROTEÇÃO DE DADOS: Redes sociais: Liberdade de expressão ou liberdade de ódio?

Recentes mudanças nas políticas de moderação das redes sociais da Meta têm gerado grande preocupação, especialmente no que diz respeito ao impacto na saúde mental e física de crianças e adolescentes. A falta de controle sobre o que circula nessas plataformas cria um ambiente onde conteúdos perigosos, como discursos de ódio, fake news, negacionismo, apologia ao suicídio e automutilação, misoginia e pornografia, ganham espaço desproporcional.

O algoritmo das redes sociais, ao priorizar o engajamento, frequentemente destaca conteúdos extremos ou emocionalmente apelativos, independentemente de sua veracidade ou impacto. Sem uma moderação eficaz, esses materiais prejudiciais encontram terreno fértil para se espalhar, colocando em risco a saúde mental dos jovens e influenciando comportamentos de maneira negativa.

É essencial distinguir entre liberdade de expressão, um direito fundamental que deve ser preservado, e a disseminação de ódio, mentiras e conteúdos prejudiciais. A ausência de moderação transforma as redes sociais em um campo sem regras, onde ideias perigosas podem proliferar, tais como negacionismo científico, que coloca em risco a saúde pública e a educação, apologia ao suicídio e automutilação, podendo influenciar diretamente jovens vulneráveis, agravando quadros de depressão e ansiedade, misoginia e pornografia, que desvalorizam e objetificam meninas e mulheres, perpetuando ciclos de violência, discurso de ódio e intolerância que afetam diretamente a autoestima e a identidade de crianças e adolescentes, especialmente aquelas pertencentes a minorias sociais.

É importante lembrar que a liberdade de expressão não é absoluta e precisa ser equilibrada com o direito à dignidade, ao respeito e à saúde mental de todos.

Crianças e adolescentes estão em uma fase de desenvolvimento em que são especialmente influenciáveis. A exposição a conteúdos prejudiciais nas redes sociais pode levar a:

  • Transtornos emocionais: Depressão, ansiedade e baixa autoestima.
  • Comportamentos autodestrutivos: Influência direta de conteúdos que promovem automutilação ou suicídio.
  • Desinformação: Prejuízo na formação do senso crítico, levando jovens a acreditar em fake news ou teorias da conspiração.
  • Exposição precoce: O contato com conteúdos pornográficos ou violentos pode causar traumas psicológicos.

Assim como o Brasil avançou ao regulamentar o uso de celulares em escolas, é hora de nos mobilizarmos para garantir a regulamentação das redes sociais. Não se trata de censura, mas de estabelecer limites claros que protejam os usuários, especialmente os mais vulneráveis, contra os perigos do ambiente digital.

Regulamentar as redes sociais significa exigir transparência nos algoritmos, para que priorizem conteúdos éticos e educativos, implementar ferramentas de controle parental mais eficazes, estabelecer responsabilidade das plataformas por conteúdos danosos que circulam em suas redes, garantir mecanismos de denúncia e remoção rápida de conteúdos prejudiciais.

Enquanto a regulamentação não acontece, cabe a nós, pais e responsáveis, redobrar a atenção ao uso de telas por nossas crianças e adolescentes. Algumas ações incluem monitorar o conteúdo acessado, acompanhando as redes sociais que seus filhos utilizam e conversando sobre os riscos, estabelecer limites de uso, com controle do tempo de tela e incentivo às atividades offline. Diálogo, muito diálogo. Crie um ambiente em que seus filhos se sintam seguros para falar sobre o que veem e sentem. Educar sobre cidadania digital, ensinando-os a identificar fake news e a importância de respeitar a diversidade.

O cancelamento da moderação de conteúdos é um desastre para a saúde física e mental de todos nós. A liberdade de expressão precisa caminhar lado a lado com a responsabilidade social e o respeito aos direitos humanos. Precisamos nos engajar na luta pela regulamentação das redes sociais no Brasil e, ao mesmo tempo, exercer um papel ativo na proteção de nossas crianças e adolescentes. Um futuro saudável depende das decisões e atitudes que tomamos agora, em nosso dia a dia.

Carolina Poletti

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