O OSCAR SENDO O OSCAR. MAIS UMA VEZ.

Antes de mais nada: como cinéfilo juramentado que sou, o Oscar pra mim não passa de um prêmio meramente comercial. Ano após ano isso fica mais evidente.

Existem outros prêmios muito mais importantes que levam o verdadeiro cinema à sério.

Só para citar alguns: Festival de Berlim, Festival de Toronto, Festival de Cannes, Festival de Veneza, Sundance e Bafta.

Todos os citados se preocupam com a obra e não com o sucesso de bilheteria.

Justo num ano que haviam vários competidores, ao premiar Oppenheimer como melhor filme, o Oscar mais uma vez favorece a si próprio.

Não que não seja um ótimo filme. Mas é mais um filme que o “status quo” se embevece e se regozija.

Só para estabelecer uma comparação, vou pegar três exemplos de filmes deste ano: Oppenheimer, Zona de Interesse e Pobres Criaturas.

1.Oppenheimer: um filme sobre o inventor da bomba atômica.

2.Zona de Interesse: um filme sobre o holocausto.

3.Pobres Criaturas: um filme que coloca a mulher num altíssimo pedestal.

O primeiro, Oppenheimer, fala sobre algo que os americanos adoram: armas. Aliás, os Estados Unidos é um dos maiores fornecedores de armas no mundo. Além de ganhar bilhões de dólares com vendas de armas, o americano trata como heróis o criador da bomba atômica. O filme, em si, é quase um documentário. Ou seja, cenas rocambolescas da bomba explodindo e as consequências disso. Mostra o povo americano como heróis por um dia terem praticado uma das maiores aberrações da história: a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki.

O segundo, Zona de Interesse, é sobre o Holocausto. Fala sobre o tema sem mostrar cenas de violência. Imagine uma família alemã feliz, num lugar bucólico, imensa casa com jardim, filhos saudáveis, passarinhos cantando, um rio para pescar, vivendo nababescamente. Ela, uma esposa dedicada e mãe exemplar. Ele, alto funcionário estrategista do governo alemão. No bairro onde vivem outras famílias também desfrutam do bom e do melhor. Vivem uma vida cheia de privilégios. Aparentemente, pouco se importam com um estranho vizinho que, de vez em quando, grita muito. E também não se incomodam com uma estranha fumaça negra que, de vez em quando, aparece no céu. O roteiro desse filme é uma das coisas mais criativas que vi na história do cinema. Porque fala de um assunto doloroso, mas sem mostrar nenhuma cena de violência.

O terceiro, Pobres Criaturas, também têm um roteiro muito criativo, valorizando a mulher, coisa que a humanidade ainda não aprendeu a fazer.

Quero finalizar falando sobre a transmissão do Oscar no Brasil, com as três apresentadoras que mais pareciam macacas de auditório do que realmente  capacitadas para falar sobre cinema.

Que saudades do Rubens Ewald Filho!

 

Wanderley Dóro

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