A novela Vale Tudo foi exibida em 1988, entre 16 de maio e 6 de janeiro de 1989. A trama foi um sucesso de audiência.
Falava sobre Mária de Fátima (interpretada por Glória Pires) uma personagem de má índole e mau caráter que vivia tentando ser rica, custasse o que custasse.
Ou seja, uma grande vilã.
À época, eu trabalhava na agência MPM Rio, onde tínhamos a conta publicitária da Loteria Federal.
O job era a campanha da loteria Natal de 1988. Eu duplava com o diretor de Arte Adeir Rampazzo e o nosso Diretor de Criação era o Fábio Siqueira.
Eu era um grande e fiel noveleiro. Porque via nas novelas um canal de informação sobre a temperatura do país.
Então, sugeri uma campanha utilizando a vilã Mária de Fátima, para vender bilhetes de loteria.
A princípio, houve uma certa reação negativa dentro da agência.
Como assim, Wanderley, perguntaram?
Uma garota-propaganda vilã???
Respondi, sim, uma vilã que faz todo o sentido para a campanha que vamos criar.
Superadas as dúvidas internas na agência, a campanha foi apresentava para a Caixa Econômica Federal.
E, claro, imaginamos que poderíamos tomar bordoada do cliente.
Só que não!
Eles entenderam, gostaram e aprovaram a campanha!
O tema foi: DESTA VEZ, EU FICO RICA. Com a foto da Glória Pires.
Veiculamos a campanha e, em três dias, os bilhetes da Loteria foram esgotados.
Ou seja, foi a primeira vez (e talvez a única) que a propaganda brasileira usou uma vilã como garota-propaganda.
Com curiosidade, vi recentemente que a Globo produziu o remake de Vale Tudo.
Mas, nem logo começou, parece que a audiência está claudicando.
Os tempos são outros, nem todo mundo vê novela como antigamente.
O processo de consumir comunicação é outro, a oferta é generosa.
No streaming há filmes, séries e novelas que modificaram o processo de audiência. Audiência, que pode ser exibida até no celular.
Ou seja, as vezes não vale tudo para fazer sucesso.