Foi uma espera de quase 6 anos, mas a resposta veio! E quem a deu foi o ex Sargento da PM do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa (24.01.24). Ele e Élcio Queiroz, segundo as investigações, mataram a tiros, em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista Anderson Gomes. Mas, quem teria sido o mandante? A pergunta que causou o maior “frenesi” na classe política, artística, nos intelectuais formadores de opinião, em boa parte da imprensa, etc.

Lessa, por conta da delação premiada, apontou Domingos Brazão como o mandante. Brazão é um político de carreira, iniciando no PL (1995/1998), passando pelo PTdoB (1998/2001), chegando ao MDB, onde ficou por mais tempo (2001/2015). Foi Deputado Federal por 4 mandatos, sendo que no último, com seu status político chegou à cadeira de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Evidente que o crime tem viés político e econômico!

Delatar significa assumir a autoria ou participação em um crime e apontar, com provas seguras, terceiro(s) como autor(es) ou partícipe(es) em sua prática. Foi o que fez Lessa! Ainda estamos em investigação e o juízo a ser aplicado nesta fase (inquérito policial) é o de “probabilidade”, ou seja, não há acusação e, portanto, não há acusado (réu). Assim o será por conta do encerramento do inquérito pelo Delegado e entrega daquele ao Ministério Público, que tudo indica, promoverá a denúncia (início da acusação e do processo) diante de provas da existência de crime e indícios de autoria. Daí em diante o juízo será o de “certeza” (acusação), o que deverá ocorrer, visto que o STJ determinou a homologação (reconhecimento) da delação de Lessa (Veja 27.01.24).

Mas, até aí, as questões são técnicas! E daí? Daí que Brazão (MDB) se trata de um político de centro-esquerda, que inclusive encampou as campanhas de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, fato que muito frustrou a esquerda brasileira. E o motivo é simples, pois, apostaram, insinuaram e até os mais exaltados chegaram a apontar o ex-Presidente Jair Bolsonaro (PL) como um possível mandante. Fizeram inúmeras ligações entre Lessa, Queiroz e Bolsonaro, visto que os dois primeiros se encontravam na residência de Lessa que se localiza no mesmo condomínio em que reside Bolsonaro. De nada adiantou! Lessa apontou Brazão como mandante e toda aquela sanha terminou com os “torcedores” para incriminar Bolsonaro com “petat facie” (cara de bunda).

Deveria ter sido, de certa forma, um anúncio comemorado por todos, visto que campanhas exigindo a descoberta do mandante existiram. O próprio Presidente Lula (PT), em sua campanha à Presidência da República, “bateu na tecla”: “Quero saber quem mandou matar Marielle”. Agora eles já sabem!

Mas, estão, todos esses citados, em quase silencio fúnebre! Não por homenagem à Marielle, mas porque a torcida da esquerda queria que tivesse sido Bolsonaro! O nome de Brazão foi, para a esquerda brasileira, como um “Maracanaço” em que perdemos a Copa do Mundo para o Uruguai em 1950 ou como a surra que levamos de 7×1, também em Copa do Mundo, da Alemanha em pleno Mineirão! Ambas as “surras” nas Copas aqui no Brasil.  Assim também foi a reação da maioria dos políticos, militantes, simpatizantes, imprensa, etc., da esquerda brasileira! E agora!? O que eles têm a dizer? O silencio desses é vergonhoso!

Isso nos indica uma coisa: pouco importa se haverá ou não busca pela Justiça e sua aplicação! Mesmo que fosse, como foi o caso, para descobrir quem foi o mandante da morte de Marielle! O que interessa para esses que “dizem querer justiça” é criar narrativas para fazer uma política de conveniência! A favor de quem? Daqueles a quem certamente vão fazer de tudo para “tirar o máximo de gordura” da desgraça alheia, mesmo que isso tenha custado o preço alto do sangue de pessoas inocentes.

Como diria Boris Casoy: “ISSO É UMA VERGONHA!”

Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito.