Maria da Conceição, Maria do coração.

Uma história de dedicação à educação e à família, de amor pelo mundo e de valores de vida. 

Santa. Através desse apelido – que, por si só, já diz tanto – Maria da Conceição Amaral ficou conhecida por onde passou. Filha única, nasceu em 1948 e cresceu em Jurema, cidade do interior pernambucano. Construiu sua vida, família e trabalho no pequeno município de Quipapá, no mesmo estado.

Foi mãe dedicada de três filhos, mas seria injusto com sua história não mencionar que sua maternidade afetuosa se estendeu a muitas crianças, bem como a alunas e alunos mais velhos. Sim, ela foi professora, com todas as letras e méritos. Lecionou no ensino primário e no antigo MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), no qual empenhou-se na missão de alfabetizar adultos que não tiveram tal oportunidade em suas infâncias.

Uma educadora apaixonada pelo fazer do aprendizado dentro e fora das salas de aula, Maria escreveu sua história com afinco e disciplina. Foi mãe e pai, mãe em tempo integral, mãe de amor, mãe de corpo e alma. Aliás, o uso do verbo no pretérito aqui me incomoda porque sua memória é viva e, assim, ela permanece presente, permanece inspirando e ensinando, permanece mãe.

Você pode estar se perguntando por que, dentre tantos nomes na educação brasileira eu escolhi o de Maria neste Dia dos Professores. Eu respondo. Sem Maria da Conceição Amaral, tanto não haveria tantas crianças – hoje, adultas – com domínio do lápis na mão, quanto não haveria esta Coluna de jornal que você está lendo.

Maria, dentre tantas adjetivações maravilhosas que sequer cabem na minha proposta de homenageá-la, também é minha avó. Mãe do meu pai, Coroacy Amaral. Eu carregava com tristeza o fato de não a ter conhecido, mas a cada dia mais percebo que mergulhar em sua história nos aproxima e me brinda com o seu saber e seus valores admiráveis. Não só pelas histórias compartilhadas pelo meu pai, mas pelas orações que dirijo em silêncio pedindo que os anjos levem até ela todo o orgulho que sentimos e tragam para nós a paz da consciência de que ela, de lá, também olha por nós.

Mesmo quando meu pai conta que ela era brava, eu reconheço sua força e a linha tênue da disciplina e assertividade com a afetuosidade e o cuidado com seus filhos, na tarefa solo de formá-los para o mundo, gestando seu caráter e acolhendo suas dores.

Maria deixou esse mundo em 1988, aos 40 anos de idade. Levou um pouco de cada um dos seus filhos consigo, mas deixou muito de si em cada um deles.

Vó, feliz dia das mestras. Obrigada por ter nos deixado como herança seus ensinamentos marcados pela humildade e sua firmeza sem esquecer da doçura. Seus para sempre alunos não se esquecem das lições passadas adiante com destreza e amor. Nunca nos esqueceremos também. Viva Maria.

Anna Luiza Calixto

Saber mais →

Deixe um comentário