E quem quiser que faça o velho jogo da política na sifilítica maneira de pensar

Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro, namorando Madalena na beira do mar…

(Osvaldo Montenegro)

Não gosto muito de escrever sobre política, mas fui provocado a trazer minhas impressões sobre os pleitos municipais em nossa região! Preciso pontuar que meu lugar de fala é de pessoa branca, hétero, terceira idade, de classe média, músico, sambista, empreendedor, escritor, dirigente de ONG, militante de causas de garantia de direitos e meio ambiente, fazedor de cultura, residente e atento à política regional há mais de 25 anos…

O Reino resgatado!

Em Bragança Paulista, a dinastia permanece. O deputado Chedid empresta mais uma vez o sobrenome para enfeitar a galeria de prefeitos; o curioso é que não foi uma eleição unânime, um resultado contundente. A pequena diferença de votos mostra que os cidadãos de Bragança desejam mudanças, e no futuro o sobrenome talvez não garanta o trono… cabe ao deputado realizar um bom governo, ação facilitada por seu conhecimento da cidade e laços com governo estadual. Um caminho inteligente seria apostar em secretariado mais técnico e menos partidário, mais engajados na solução de problemas e construção de programas e políticas públicas de longo prazo, melhorando diálogo com eleitorado, saindo um pouco da carcomida prática de aparelhamento dos espaços públicos por correligionários sedentos por carguinho, que garante poder capilar, mas entregas limitadas. Muita fortuna ao novo Rei!

O susto da renovação!

Em Atibaia observamos com alguma surpresa a eleição de Daniel Martini, nome menos badalado junto ao eleitorado, que fez campanha competente apostando no desejo de mudança e voto conservador – uma centro-direita sem as desnecessárias bandeiras ideológicas como Cloroquina e urnas eletrônicas… funcionou!

A despeito de posição ideológica, o novo Alcaide de Atibaia terá bastante trabalho para redesenhar políticas públicas em áreas críticas como saúde, desenvolvimento econômico e educação, esta última carente de um olhar mais voltado ao futuro, com investimento em inovação e tecnologia que beneficie docentes e alunos.

Expectativa também que se coloque o turismo na agenda prioritária de governo, envolvendo ações Inter secretarias, criando ambiente favorável para atração de investimentos e motivação dos empreendedores locais (que também precisam sair da mesmice). Isto implica também dialogar com a população indignada com a verticalização, a falta de investimentos em meio ambiente, repensar códigos de postura e lei do silêncio que limita promoção de eventos e música ao vivo em todo meio urbano… durma sem um barulho desses!

Os lobisomens rotativos!

Se há uma cultura política local que nunca decepciona é da minha querida Joanópolis, que elegeu Cristiano da Ema e Nhô Romano, meus amigos de sinuca, cachaça e romarias! Na terra do lobisomem raramente um prefeito se reelege ou consegue emplacar o sucessor. Essa alternância de grupos políticos vem de décadas, o que até podemos chamar de uma “democracia equilibrada”, onde a população dá o recado: se você não for muito bom, a gente põe outro, que se não for bom também, volta ao primeiro, e assim segue a tradição… nesta lógica, meu amigo Adauto poderá estar novamente a frente do município em 2029 – nem precisa vidente!

E o povo de Joanópolis deixou outro recado: um político antigo, ex-prefeito, ligado a um tradicional clã político da região, teve pífios 700 votos… a coisa demora, mas muda… até em Joanópolis.

Epílogo

Observo sempre um comportamento recorrente nos políticos que entram numa prefeitura: sempre acham que ficarão lá para sempre – correm para garantir os conchavos necessários para a manutenção do reinado recém-conquistado, e muitas vezes esquecem de governar, permanecendo em campanha. É aqui que se começa a perder a próxima eleição.

Lições desta eleição: não temos mais um eleitor tão alienado que não consiga refletir sobre suas escolhas. A renovação política é importante e necessária, e quando o povo fala pelas urnas, a democracia se ilumina como um bem universal. Aos novos alcaides, desejamos integridade, ousadia e competência, que muito há para ser feito!

Poesia bônus:

“O homem constrói monumentos, e semeia ruínas para pousada dos ventos… (Paulo Eiró)