Paulo Freire já anunciava que “o educador se eterniza em cada ser que educa.” Levo em mim um pouco de cada um dos professores que atravessaram o meu caminho com suas vozes vivas que me conduziram a saberes inesquecíveis e valores inegociáveis.

Levo também enorme gratidão pelos valores que aprendi observando a força de homens e mulheres que, com um giz e um livro nas mãos, pareciam ser – e sempre foram – capazes de transformar o mundo no lugar em que queríamos viver. Levo no coração um afeto sem tamanho pelas lembranças de cada redação corrigida e desenhos livres que deram corda a minha criatividade e, passo a passo, levaram-me a acreditar que cada um dos meus sonhos eram possíveis.

Particularmente, mexem comigo as lembranças dos recreios que atravessei com um caderno em mãos, escrevendo histórias adornadas por desenhos coloridos que depois se tornavam livros que eu colocava na estante da minha turma. Foram os sorrisos de incentivo das professoras que me fizeram acreditar que uma destas histórias poderia se transformar em um livro de verdade. Estas mestras me deram a mão até a realização deste e de outros sonhos. Lembro da tarde do lançamento do meu primeiro livro, O Espelho Mágico, dentro da escola do meu coração. Só foi possível porque alguém acreditou que poderia ser.

Mais de dez anos depois, o sentimento permanece o mesmo. Minha história é marcada por lições ensinadas dentro e fora de salas de aula, por professores e professoras que amam verdadeiramente o que fazem e por isto nem sequer pensam em desistir mediante as ameaças e retrocessos que atropelam seus caminhos. O dia dos professores é tão somente um lembrete da tamanha importância de cada um deles.

Dois dedinhos antes da primeira palavra para começar um parágrafo… Menos com menos dá mais e mais com mais dá menos… Antes de P e B vem sempre o M… Lembro de cada anotação destacada com caneta colorida nos livros e de cada “parabéns” ao passo que as notas melhoravam, mesmo sabendo que um número não significava nada mais importante que a jornada diária de aprendizado.

A profissão das profissões deve ser celebrada a cada conquista de quem já foi – e, de certa maneira, ainda é – um aluno e cada passo adiante que os mestres prometeram ser possível. Pessoas que dedicam seu tempo, trabalho e talento à formação de todo tipo de profissionais para a vida em sociedade. Espalham-se na lembrança dos alunos e permanecem vivos em cada ensinamento que não deve ser decorado, mas aprendido. A educação escolar não é unilateral a partir da transmissão de conhecimentos do professor para o aluno, mas é responsável pela construção coletiva de saberes. Quem disse isto não fui eu, mas sim o patrono da educação brasileira, professor Paulo Freire, que defendia que o professor também é aluno porque aprende enquanto ensina, e que o aluno também é professor, porque ensina enquanto aprende. A educação pode ser transformadora e revolucionária, mudando o mundo de cada estudante que encontra na escola um mundo melhor e possível no qual quer (e vai) acreditar, porque entende que não precisa esperar crescer para decidir o que quer ser, porque pode construir seu amanhã a cada dia, em todo momento, ao lado de cada professor.