O CINEMA BRASILEIRO NUNCA ESTEVE TÃO PERTO DO OSCAR.

Obviamente vou torcer para que o filme “Ainda Estou Aqui” seja agraciado com 3 Oscars: Melhor Atriz, Melhor filme Estrangeiro e Melhor Filme.

Mas se tivesse que escolher apenas um prêmio, sem dúvida escolheria como Melhor Filme e Melhor Diretor.

O melhor filme dignifica não só um ator, uma atriz ou um diretor, Ele dignifica um país, um povo.

Esse prêmio colocaria o Brasil e o cinema brasileiro em outro patamar.

E premiaria um dos melhores cineastas do “cinema novo” brasileiro: Walter Salles, com quem tive o prazer de tê-lo como diretor em vários comerciais que criei, alguns premiados.

Waltinho é um gentleman, educadíssimo, gentil, tom de voz sempre baixo e extremamente calmo, ouve todos ao seu redor, capta a essência de todos os envolvidos.

Muito bem preparado pela vida, letrado, conhecedor do seu ofício, sempre atual e conectado com tudo.

Só para ter uma idéia sobre quem o Waltinho: quando o comercial da Du Loren foi pro ar, o Waltinho foi para Paris descansar.

Antes de viajar, ele perguntou pra mim e para o diretor de arte Hélio Rosas, que tipo de música a gente gostava.

Eu disse que gostava de jazz e o Helinho disse que gostava da boa música pop.

Na hora não entendemos o motivo da pergunta.

Só viemos a entender quando o Waltinho voltou da viagem e nos presentou com dois CD’s que ele comprou em Paris.

O meu era com o jazzista japonês Ryuichi Sakamoto.

O do Helinho era da banda britânica Prefab Sprout.

Depois da premiação do Globo de Ouro vi e ouvi alguns comentários de que õ filme ganhou porque o Walter Salles é filho de bilionário. Crendeuspai!!!!!

E quando ouço isso, logo me vêm à mente de como existem haters, gente ressentida, gente com dor-de-cotovelo, e gente idiota neste país.

Ao contrário do que pensam, ele é um trabalhador incansável, sempre pesquisando fórmulas para fazer um bom cinema. Basta ver seu currículo de sucessos.

Ao fazer comentários idiotas como esse, ofendem outros diretores brasileiros que, mesmo sem um pai bilionário, também fazem bom cinema.

Waltinho, assim como qualquer diretor, é o grande responsável pelo sucesso do filme.

A começar pela escolha dos roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega.

Depois pela escolha do elenco.

E, claro, pela direção do filme que esbanja cinematografia, sensibilidade e direção de atores.

Ganhar o prêmio de melhor filme no Oscar equivale a ganhar um Grand Prix em Cannes, um Clio Awards em NY, uma Copa do Mundo de futebol, um campeonato da NBA.

Fico imaginando o Waltinho ao subir ao palco do Oscar para ganhar esse prêmio.

Certamente as pernas dele vão bambear, seu coração virá à boca, seus sentidos desaparecerão por um momento, a vista vai ficar turva.

E vai se perguntar: onde estou, ainda estou aqui?

Eu e milhões de brasileiros vamos torcer como nunca para que ele volte com o caneco.

Break a leg, Waltinho.

 

Wanderley Dóro

Saber mais →

Deixe um comentário