Outro dia, assisti a uma palestra gravada da pesquisadora Brené Brown, referência mundial nos estudos sobre emoções humanas, pertencimento e vergonha. Em um dos trechos, ela disse algo que me pegou de jeito:
“Vulnerabilidade. É a nossa medida mais precisa de coragem.”
Essa frase ficou reverberando. Precisei de tempo para compreender.
A vida inteira nos ensinaram que ser vulnerável era o mesmo que ser fraco. E a gente… comprou essa ideia.
Fomos treinados a esconder nossas fragilidades, a vestir armaduras emocionais, a agir como se tudo estivesse bem o tempo todo. Porque sentir medo, tristeza ou vergonha parecia sinal de fraqueza. Mas essa mulher corajosa nos mostra que é justamente o contrário.
A vulnerabilidade não é o oposto da coragem. Ela é o seu núcleo. Não existe um ato verdadeiramente corajoso que não envolva risco emocional, exposição ou incerteza. Ser vulnerável é se mostrar ao mundo mesmo sem garantias. É fazer o que precisa ser feito, apesar do medo.
É admitir um erro, mesmo sentindo vergonha.
É colocar um limite, mesmo correndo o risco de decepcionar alguém.
É se abrir, mostrar afeto, dizer “eu te amo” mesmo com o coração batendo na garganta.
Mas, se ser vulnerável pode doer tanto… por que fazer isso com a gente?
Porque evitar a dor não nos protege, só nos anestesia.
E quando anestesiamos emoções como medo, raiva e tristeza, acabamos bloqueando também alegria, empatia, amor, confiança.
O preço de nunca se permitir ser vulnerável pode ser alto demais.
Relações mornas, conversas rasas, vínculos frágeis, carregar uma sensação constante de desconexão com os outros e com a gente mesmo.
Ser vulnerável é desconfortável, sim.
Mas é esse desconforto que abre caminho para o que mais buscamos: conexão verdadeira, relações profundas, pertencimento real.
Sentir é o que nos torna humanos.
Talvez, no fim das contas, o maior ato de coragem seja esse: não desistir de sentir.