Se a gente olhar um mapa de um estado brasileiro, qualquer um dos 26 estados, vai encontrar rapidamente vários nomes de municípios com palavras indígenas. Há tanta serra, rio, cidade que eles nomearam… Olha só em São Paulo: Ubatuba, Tatuí, Taubaté, Jundiaí. E no Paraná: Apucarana, Araucária, Tibagi, Paranaguá. No Pará, tem Altamira, Ananindeua, Cametá, Marabá, Oriximiná. Em cada estado você faz uma lista boa.
Hoje eu trago um poema feito a partir de nomes de municípios de Minas Gerais. Para isso, usei a lista do IBGE. Eram muitos nomes, tive de reduzir para 30. E ficou assim:
Os primeiros povos
Peguei a canoa em Ubá
E segui pra Guarani,
Quero ir a Aimorés,
Que fica longe daqui.
Enquanto sigo o caminho,
Faço a minha saudação,
Aos que vivem e viveram
Na mata e no sertão.
Deixaram suas palavras
Dando nome a mil lugares.
Neste mapa, quem quiser,
Vai fazer um zigue-zague,
Indo para Caratinga
Caetés e Cataguases.
Buritis, Itajubá
Nanuque, Machacalis
Aiuruoca, Araxá,
Acaiaca, Miraí,
Pirapitinga, Ibiá,
Uberaba e Unaí.
Não só os nomes ficaram
Muita gente aqui está
Uns conservam sua língua,
Enquanto tocam maracás,
plantam milho e a mandioca
Fazem pintura e cocar.
Pirapora, Urucuia
Itabira, Durandé,
Urucânia, Piraúba
Jequitinhonha, Guapé
Bambuí, Ituiutaba
Sabará, Ibirité.
Viva essa gente valente
Que não se cansa
E nem desanima,
É guardiã da floresta
Ou da mata pequenina.
Antes de existir Brasil,
Antes que existisse Minas.
(Poema dedicado a Ailton Krenak).