Segurança psicológica 

O termo segurança psicológica foi cunhado pela pesquisadora Amy C. Edmondson, professora da Harvard Business School, nos anos 1990. Ao estudar equipes hospitalares, Edmondson percebeu algo contraintuitivo: os grupos que relatavam mais erros não eram os menos competentes, mas justamente os mais eficazes. O motivo? Nessas equipes, as pessoas se sentiam seguras para falar sobre falhas, dúvidas e aprendizados, sem medo de punições ou julgamentos.

A partir dessa observação, ela definiu segurança psicológica como a crença de que o ambiente é seguro para correr riscos interpessoais. Em outras palavras, é saber que é possível discordar, questionar, errar e se expressar sem ameaças ao próprio valor ou ao pertencimento ao grupo.

O conceito ganhou os holofotes anos depois, com o Projeto Aristotle, estudo conduzido pelo Google para descobrir o que tornava as equipes de alto desempenho mais eficazes. O resultado surpreendeu: o fator mais determinante não era o QI dos integrantes, nem o nível técnico, era, novamente, a segurança psicológica.

Hoje, esse conceito é reconhecido como pilar essencial para ambientes saudáveis, inovadores e produtivos. No Brasil, o tema vem ganhando espaço com as atualizações da NR-1, que passaram a exigir das empresas a identificação e o gerenciamento dos riscos psicossociais. Mais do que uma tendência, trata-se de uma necessidade organizacional, e de uma responsabilidade ética e legal.

Mas aí vem a pergunta incômoda:

Se os riscos psicossociais são legalmente reconhecidos e seus impactos na saúde são inquestionáveis, por que não é obrigatória a presença de profissionais de saúde mental nas avaliações e na construção de planos de ação?

A resposta talvez esteja em uma cultura que ainda resiste a incluir o emocional como parte legítima do trabalho e da vida. 

Normas genéricas, heranças técnico-operacionais da segurança do trabalho, ausência de regulamentações específicas e o receio (emocional e financeiro) de lidar com o sofrimento psíquico tornam a saúde mental um tema ainda tratado à margem.

Enquanto isso, seguimos vendo ambientes doentes tentando se curar com checklists.

E vale lembrar: segurança psicológica se constrói com escuta, presença e responsabilidade compartilhada.

Saúde emocional não é um detalhe, é o alicerce de uma vida funcional, criativa e sustentável.

 

Luciana de Moreschi

Saber mais →

Deixe um comentário