O discurso do Presidente Lula (PT) que foi realizado na última terça (23.09.25), em Nova York, na convenção da ONU foi bom. Aliás, muito! Digo que mereceria aplausos de pé se tudo aquilo que ele leu – certamente não foi ele quem escreveu e está mais para o perfil de seu chanceler Celso Amorim – fosse exatamente o que vivemos aqui no Brasil. Infelizmente, não é! Repito: discurso muito bem escrito!
Todavia, o ponto de destaque ficou por conta de outro discurso! O do Presidente Norte-Americano, Donald Trump (PR) que foi proferido logo após o de Lula (PT) e que incrivelmente – frise-se bem – despertou a repentina, do tipo “amor à primeira vista”, admiração e simpatia de todos aqueles, que até antes dele entrar no plenário da ONU, o achavam e o chamavam de “nazista”, “fascista”, “louco”, “arbitrário” e mais um montão de outras coisas!
Isso teria sido por conta dele, o próprio Trump (PR), ter dito que entre ele e Lula (PT) teve “uma química excelente” e “que pareceu um cara muito agradável”. Segundo Trump (PR), “eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem”. “Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos”. “Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço. Quando eu não gosto, eu não gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal.” (G1, 23 set 25).
Foi o suficiente para a esquerda brasileira “arreganhar um sorriso de orelha à orelha”! Analistas – aqueles que estão mais para torcedores e associados a fã-clubes – econômicos, políticos, todos apontando como uma verdadeira vitória de Lula (PT) sobre Eduardo Bolsonaro (PL). Alguns até disseram que “Trump Lulou” e até “memes” foram produzidos e compartilhados freneticamente nas redes sociais. Olha, sinto dizer para esses tão “amáveis haters” e aos mais novos fãs de carteirinha de Donald Trump que, tanto ele como Lula (PT), saíram do plenário com as mesmas personalidades, caracteres, linhas de pensamentos, predileções, intenções e objetivos de quando eles entraram. Não houve fato novo ou qualquer mudança de postura que fossem capazes de modificar o cenário entre ambos.
Além disso, o discurso de Lula (PT) foi duro contra os EUA e, por sua vez, Trump (PR) devolveu na mesma moeda. A única coisa nova foi esse trecho no discurso de Trump (PR) que só convenceu os militantes-torcedores (não sei como) que cantam uma vitória que não se sabe sobre o quê e tão cedo!
Até mesmo Lula (PT) e o Planalto foram pegos de surpresa! Claro que a assessoria do Presidente Brasileiro foi veloz em dizer que uma reunião só seria possível via on line, por conta de agenda lotada. Aliás, … ora, ora, ora! O que poderia ser mais importante para o Brasil na agenda de Lula (PT) do que se sentar com Donald Trump (PR) para solucionar a questão do “tarifaço” diante da atual conjuntura mundial (!?) Perdoe-me, mas “você pode argumentar, porém, com cuidado para não ofender minha inteligência (CORLEONE, Don Vito, in “O Poderoso Chefão I”)
Trocando em miúdos: é evidente, cristalino e notório que o próprio Lula (PT) e sua assessoria não estão nada convencidos do “clima amistoso” que Trump (PR) propôs em seu discurso. E, de fato, não dá para acreditar que, depois de um histórico recheado de provocações e ofensas mútuas, “tarifaço”, Lei Magnitsky, alianças do Brasil com Rússia, China, Irã, apoio ao Hamas, o tema da “desdolarização” pelos Brics proposto pelo Brasil, críticas severas a Israel, etc., durante tanto tempo, Donald Trump (PR) simplesmente se “encantaria” com a personalidade e “presença forte” de Lula (PT)! Definitivamente, não dá! Veja como Trump (PR) agiu com Javier Milei. Certeza que depois de vê-los, você vai colocar os dois pés no chão.
Sempre foi Lula (PT) que fazia questão de dizer “zilhões de vezes” que era o Governo Americano que não o atendia. Se, no início de tudo Trump (PR) não queria conversa com Lula (PT) este abraçou esta ideia e tirou vantagem dela até a convenção da ONU de 2025. Agora, com essa fala de Donald Trump (PR), Lula (PT) não terá como se esquivar, seja presencialmente ou on line, ficando claro que, agora, é aquele quem está colocando este em lugar politicamente desconfortável.
Criou-se somente uma expectativa que nem mesmo os analistas políticos do mundo inteiro conseguem decifrar com exatidão. Haja vista, as idas e vindas no caso da guerra entre Rússia e Ucrânia! Assim, se por um lado parece existir uma porta aberta para um diálogo – e isso seria a parte boa – por outro, na atual conjuntura, se eu fosse o Lula (PT) – graças a Deus não sou – levaria em consideração que não existe uma sequer célula ingênua em Trump (PR) e que são os interesses americanos que o Presidente dos EUA – esse atual mais do que qualquer um antes dele – vai defender a todo custo e, de preferência, ao custo dos outros!
Portanto, para você “bobinho” que acredita em contos de fadas, que odiava Donald Trump (PR) com toda a força de suas entranhas até antes dele iniciar eu discurso na ONU e que depois passou a amá-e felicidade” eu digo que o melhor a se fazer é o que diziam nossas avós: “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”
Se, de fato, as coisas forem acertadas e realizadas como a esquerda brasileira está festejando – coisa que eu duvido muito, não por pessimismo, mas por realismo – será ótimo para todos nós! Todavia, muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte e que poderá fazer o cenário mudar do dia para noite. Que os digam aqueles alcançados pela Lei Magnitsky.
Portanto, “menas”!
É isso!
Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito