Sem dúvida alguma, foi o PSD, de Gilberto Kassab, o partido que mais cresceu nessas eleições e se tornou o partido mais vitorioso, passando de 662 para 891 Prefeituras, anotando um crescimento de 229 cidades. Por outro lado, foi o PSDB de Aécio Neves, dentre os grandes partidos, o que mais perdeu, com uma queda de 535 Prefeituras para 276, somente.
Especialistas dizem que com esse desempenho Kassab (PSD) adquire cacife para pleitear uma candidatura à Presidência da República. Isso se deve pelo desenho político de seu partido. E a esperteza de Kassab foi trabalhar fora da polarização – o que não cola muito nas eleições municipais – e se colocar como um “cacique” fora dessa “bolha”. Veja que o PSD faz base no Governo Lula (PT) e no Governo Tarcísio (Rep), ou seja, personagens e ideias totalmente antagônicas, sendo que são adversários ideológicos declarados.
Ainda, quanto ao PSD, de nada ou quase nada adiantou o boicote lançado por integrantes do PL com a alegação de que o partido de Kassab é o novo inimigo do Brasil, quanto às questões de impeachment a Ministros do STF, etc. O próprio boicote também não se encaixa na política nacional, isto porque hoje o PL reclama e aponta para o PSD como o partido vilão e culpado de tudo que acontece ou não no Brasil, mas, todos sabemos que com a chegada das eleições federais e estaduais nada impede que PL e PSD sejam ferrenhos aliados, podendo até lançar candidatos a Presidência e vice na mesma chapa. De modo que quem desprezar a força do PSD e Kassab por essa ocasião dará adeus a muitas pretensões políticas no país.
Já o PSDB vem derretendo a cada pleito. Sem força política para conquistar os cargos mais importantes, o partido, que já foi protagonista no Governo Federal com Fernando Henrique e em São Paulo quando fez e substituiu governadores com grandes nomes durante quase trinta anos seguidos, hoje a força que reúne é para ser, no máximo, coadjuvante. O PSDB está se desintegrando visivelmente à passos largos. Vai precisar renovar, e muito!
O PL de Bolsonaro e de Valdemar da Costa Neto, embora tenha perdido a maioria das capitais, passou de 351 a 517 municípios que terão o selo do partido nas Prefeituras. O número menor de capitais que conquistou não faz do PL um derrotado, até porque disputou na quase totalidade do 2° turno as prefeituras, sendo por pouco não fazer mais prefeitos.
Já o PT do Presidente Lula teve uma movimentação interessante, porém, curiosa. Passou de 184 Prefeituras para 252. Olhando friamente os números, percebe-se que houve um aumento nas conquistas do PT. Entretanto, quando analisamos o contexto e sendo Lula o presidente da República, o Partido dos Trabalhadores cresceu pouco e provavelmente o insuficiente para quem tem ambições de uma reeleição à Presidência ou indicar, caso seja necessário, um substituto de Lula. Com exceção de Fortaleza (CE), foram poucas as cidades importantes que venham a garantira a continuidade de peso do partido no âmbito nacional. O partido caminha, não como o PSDB a passos largos, mas aos poucos para ser coadjuvante. A candidatura de Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo tendo Marta (PT) como sua vice deixa muito claro que começa a faltar nomes de peso no partido para disputar as grandes capitais e isso faz não somente acender como também piscar a luz amarela.
Os demais partidos, todos tiveram melhores desempenhos em relação às últimas eleições e farão disso moeda de troca nas alianças para as eleições estaduais e federais. Isso significa que o Centrão nunca teve tão forte como agora e é ele quem dará as cartas em 2026.
É isso!
Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito