O carnaval há muito deixou de ser somente uma festa popular. É uma verdadeira indústria de tudo que se pode imaginar. Desde a cultura, do turismo, da venda de roupas, de comidas, bebidas, drogas, prostituição, crime organizado, etc. Simplesmente, movimenta muitos e muitos bilhões de R$ no Brasil todo num período bem curto de tempo. Muitos dependem das temporárias oficinas das fantasias do carnaval para “descolar” aquele “troco” e tentar sair do sufoco. Da mesma forma que o ambulante e o comércio em geral. E como o Brasil ainda é conhecido como o país do carnaval, é aqui mesmo o “point” da folia.
Entretanto, na maioria das vezes, o Brasil se encontra em situações difíceis nas questões econômicas. Aliás, raras foram a situações diferentes. Mas, nunca deixou de existir o carnaval, com exceção de 2021 que a Covid19 tomou conta do mundo. Dizem que este foi o carnaval para esquecer. Eu digo que o de 2020 foi para se lembrar eternamente, porquanto tínhamos avisos contundentes da pandemia e governadores, mesmo sabendo disso, disputaram quem faria o melhor carnaval do Brasil naquele ano. Resumindo: foi a porta de entrada da peste e milhões de mortos!
Festa “sagrada”, além de ter aquela história do profano e mais um monte de “xavecos”, folclores e lorotas para se fazer um lobby caprichado e vender a ideia. Viva o carnaval! E, “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu!” Pois, é! Mas, quem vibra mesmo com esse negócio – carnaval é um meganegócio – são os políticos! Ah, esses são imbatíveis! Nem mesmo o maior empresário que mais fatura com a festa vibra tanto com o carnaval quanto aqueles que colocamos com o nosso voto para serem nossos administradores e representantes. Esses dão cambalhotas de alegria pela fumaça e distração que faz com que a massa popular tire os olhos do que realmente está ocorrendo para rir, pular, gastar muito dinheiro, ficar de ressaca, etc., mas não enxergar a corrupção, as falcatruas, fraudes, desvios de verbas, de finalidades e muitas outras coisas.
Esses, os da classe política – com exceções – dão graças a Deus pela chegada do carnaval porque a cesta-básica está pela “hora da morte”. Assim como o combustível, a cerveja, a picanha, o plano de saúde as mensalidades escolares, a passagem de ônibus e do metrô, o IPTU, o uniforme da escola, a calcinha, a cueca e mais um montão de outras coisas. Hoje o carnaval existe para anuviar os alhares dos distraídos – que são a grande massa no Brasil – e fazer passar em branco tudo que está errado no país.
No carnaval o povo viaja, pega congestionamentos intermináveis nas rodovias, filas pra comprar o pãozinho no litoral, nas regiões de montanha, sofre pra chuchu, mas no final diz que foi divertido. Ainda contam histórias sobre as façanhas realizadas durante a festa e demora um bom tempo até tudo voltar à normalidade. E é aí que a classe política – há exceções – adora!
A criminalidade está tomando conta dos Poderes do Estado, porque nas ruas de cidades como Rio de Janeiro já tomou há muito tempo. A educação e a saúde estão “entubadas”, às traças e as mães do carnaval começam a desabrochar lá por outubro novembro e dezembro – dependendo de quando foi a festa daquele ano – e o governo se basta em falar “use camisinha”.
O café é produto de luxo na casa do brasileiro, assim como o feijão, o arroz, o leite, o pãozinho, etc. A carne, então, …! Nem se diga! Essa aí está custando um rim. Mas, relaxem! O carnaval está aí e tudo se resolve com boas sacudidelas no esqueleto, ver aquele monte de mulher colocando a bunda de fora na TV, beber até colocar o fígado pela boca e assim tudo se resolve. É a prática do adágio: “o que não tem remédio, remediado está!”
“O carnaval é a maior caricatura, na folia o povo esquece a amargura!”. Esse é um verso de um samba-enredo muito conhecido de 1983, do Salgueiro, escola de samba do Rio de Janeiro. Nunca se cantou uma verdade tão verdadeira quanto esta que retrata o momento atual em que vive o brasileiro.
O Brasil está doente! Há muito tempo! Não se trata de labutar contra o carnaval, mas criticar essa pobre e miserável visão que entra ano e sai ano e o brasileiro continua crendo nas ilusões e permitindo que seja um permanente boneco nas mãos de quem deveria lutar por nós, mas só pensa no seu bolso, seu estômago e seu sexo. Estou falando da classe política – há honrosas exceções.
Acorda Brasil! Nem só de carnaval deve viver o brasileiro!
É isso
Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito