Mais do que cadeirada e baixo nível dos candidatos nas campanhas, as eleições municipais de 2024 mostraram nas urnas muitas coisas que estavam abafadas e que agora vieram à tona.
Mostraram um país revoltado, acossado, descontente, ameaçado, amordaçado e que, de repente, acordou.
Os números elevados das abstenções revelaram tudo isso.
Teve candidato que obteve menos votos do que a quantidade de votos nulos e abstenções. Leia-se, Boulos, em São Paulo.
Além disso, as eleições mostraram claramente que a direita dormida acordou. E acordou forte. Para desespero de alguns partidos de esquerda, leia-se o PT, por exemplo.
As redes sociais mostraram que o tradicional e surrado comício, o tradicional e caquético horário eleitoral, jornais, rádios e televisões tornaram-se exatamente isso: caquéticos.
Acabou esse negócio de comer pastel e tomar café no boteco e engambelar eleitores, isso já não cola mais.
O circo já não tem a menor importância.
Perdeu feio para as redes sociais.
Jornalistas militantes perderam a vez. Tornaram-se obsoletos. Não conduzem mais a boiada que outrora conduziram.
Os votos de cabresto se tornaram peça de museu.
Os coronéis já não mandam como mandavam quando intimidavam e obrigavam a votar em quem eles queriam. Isso ficou perdido em meio dos canaviais.
O mundo é outro.
O Brasil precisa ser outro também.
E vai ser.