Caçadores do Possível XXIII – TRANKELLY NO DIVÃ, por Gianmarco Bisaglia Transcrição de sessão psicanalítica delirada pelo autor…

Em algum lugar ao sul dos States, Trankelly se consulta com o novo analista, Doctor Frank Lully:

FL – Good morning, Miss Trankelly !

T – Good morning, doctor ! (traduzido a partir deste ponto)

T – Grata por me receber hoje, sou nova na cidade e ainda não conheço ninguém, mas precisava conversar…

FL – Tranquila… muito prazer, meu nome é Frank Lully – meus pacientes me chamam de Lully…

T – (benzendo-se, dispara) prefiro chamá-lo de Frank, se não se importa!

FL – Ok Miss Trankelly – como posso ajudá-la ?

T – Estou meio perdida, precisei me mudar às pressas pois estou sendo perseguida…

FL – Hummm, há quanto tempo você sente estar sendo perseguida?

T – Comecei a ter problemas estranhos com um homem careca, que me aponta o dedo e diz que fiz coisas erradas – é torturante… precisei fugir dele!

FL – De quais coisas o homem acusa você?

T – Ele diz que invadi o sistema da casa dele, mas acho que todo mundo tem direito à informação, então paguei um hacker para garantir transparência e visibilidade do que ele tem feito ao mundo…

FL – Bom…,mas eram informações pessoais? Sigilosas?

T – Não importa, é meu direito salvar o mundo da desinformação…

FL – Bom, compreendo… você se arrepende do que fez?

T – Sim – de ter contratado um hacker linguarudo, senão nem estaria aqui sofrendo essa perseguição…

FL – Aham… Miss Trankelly, alguma coisa mais que o careca lhe acusa?

T – siimmmm – ele fala que sou desequilibrada porque apontei uma arma para uma pessoa – acredita?

FL – Aham, well… acredito…, mas por que você apontou a arma?

T – O cara tinha camisa vermelha e falou mal do meu amigo de camisa amarela – não é um absurdo? Gente assim não cabe no mundo! E ainda o cara saiu correndo, fugiu da briga, Frank, é mole? Tive que perseguir o cara para ele não fugir…

Frank começa a suar frio…

FL – Miss Trankelly, essa briga acabou bem, espero?

T – Não. Fui impedida de agir, veio a polícia me acusando, a imprensa vendida fez um escarcéu, não compreendo essa gente fazendo alvoroço demais…eu só estava me defendendo!!

FL – Miss Trankelly, por favor não se ofenda com a pergunta, mas há alguma coisa da qual você se arrependa em todos estes episódios?

T – Frank, sou uma cidadã exemplar, acredito em Deus e na Constituição, pago meus impostos e conheço meus direitos – por que sentiria remorso ?

FL – Miss Trankelly, acho que compreendi suas inquietações – vamos fechar esta sessão por hoje…

T – Ótimo Frank, preciso ir a uma loja de armas – me sinto muito insegura sem um 38… quanto é a consulta?

FL – Nada não, Miss Trankelly, fica como cortesia…na boa…

T – Obrigada Frank – mas pago as próximas – só não posso agendar nada pois ainda não sei bem onde vou morar…

FL – Depois a gente vê Miss Trankelly, paz no seu caminho, abração!!

Miss Trankelly sai – Frank Lully toma um prozac, respira fundo e diz para si – minha mãe bem que falou para eu aceitar aquela bolsa de basquete…psicanálise? What a hell!

Gianmarco Bisaglia

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