14 de Março – Dia Nacional da Poesia

Há quem diga que hoje, 14 de Março, é o Dia Nacional da Poesia, (data escolhida em homenagem ao aniversário do poeta Castro Alves) mesmo que desde 2015 tenha sido sancionada a lei 13.131 para uma nova data oficial, dia 31 de Outubro. (aniversário de outro grande poeta brasileiro, Carlos Drummond de Andrade)

Já o Dia Mundial da Poesia, instituído em 1999 pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, é celebrado no dia 21 de Março.

De qualquer maneira, podemos considerar o mês de Março como o mês da Poesia. Mas, admirando ainda mais este gênero literário, assim como eu, podemos considerar todos os dias ideais para se escrever, ler ou falar em poesia.

Apoiar a diversidade linguística por meio da expressão poética é entender que a sociedade pode e precisa recuperar e enaltecer sua identidade que é rica e diversa. É reafirmar também, a nossa humanidade comum diante dos mais variados sentimentos que são enaltecidos por meio da variedade temática e seu valor mais profundo.

Questionar, transmitir, “levar luz” em torno da existência humana, é o que a poderosa linguagem poética em junção da criatividade oral e escrita e da subjetividade dos poetas e seus leitores, pode corroborar com um mundo mais expressivo.

Celebrando não somente a poesia como também a arte da escrita, faço minha estreia como Colunista aqui do Portal D’oro com um texto autoral que pertence ao meu nono livro, Farol das Palavras – O deserto entre nós, Editora Ipê das Letras/Atlantic Books.

 

Dizem que escrever é fuga, um momento pertinente para se sair em retirada.

Dizem que escrever é temer da vida vivê-la.

É dizer a todos aquilo que muito se quer dizer para uma só pessoa, mas não se pode.

É criar asas, voar sem elas, descalçar os chinelos.

Dizem que é ser vários “eus” sem medo ou sem muito propósito.

Ser de propósito por um tempo ou se eternizar. Eternizar as coisas de sutil ou grosso modo.

É ser objeto inanimado que sente e ser como toda a expressividade da chuva invadindo cada parte do solo.

É atravessar oceanos num segundo qualquer imaginário.

É plantar sementes, criar pontes, buscar inspiração em quem por ventura concorde ou discorde.

 

Cada letra é gigante e toda palavra tem tônus, respiro e sobrenome.

E tem palavras que se desenham e se revelam ser quem querem.

Abraçam contextos, contornam perspectivas ou são lâminas discretas ou diretas que cortam.

Afagos entre rimas abraçam avenidas e ruelas.

Alcançam a razão, a alma e o coração não importando de onde se é ou se more.

Dizem que escrever é como ter muitas vidas em uma.

É ter calma na urgência e urgência na calma.

É dominar o sol e o movimento do horizonte

É desnudar-se de tudo e revelar-se sem dizer os segredos.

Escrever não é para todos, mas todos escrevem.

As palavras dominam aquele que sente muito, pouco ou nada.

Contam piadas, descarregam asneiras, mas tem escrita cega e escrita sorrateira.

Tem aqueles montes em que se vê o mundo de cima!

São aves raras, sobrevoam todas as preciosas colinas.

Tem escrita de lama e de terra batida.

 

Ao som da vida, com raízes, sob o incêndio e neblina.

Tem aquele doce que não se sabe de onde nasce o mel.

É cachoeira sábia, sonata do céu!

Há quem invente que escrever alivia alguma coisa e que escrever é perda de tempo.  Ideal para homens gigantes.

Cada palavra tem sua beleza, mas urge, não pede, acontece vivendo.

Não se morre com as palavras, não se ausentam sentimentos.

Nega-se, não fala. Finge, não tenta.

Todo mundo pode dizer duas, três ou quatro palavrinhas, mas só quem as lê sabe o som e exercita sentidos.

Dizem que escrever é mais percepção do que ser.

Dizem que escrever é como prolongar um pouco a vida.

 

Por Amanda da Silveira Lopes

Instagram: @faroldaspalavras

 

 

 

Amanda da Silveira Lopes

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