Abel, quando aquela cabeçada do Breno Lopes, no Maracanã contra o Santos, nos deu a sua primeira Libertadores e quando aquele gol do Deyverson, contra o Flamengo em Montevideo, nos deu a sua segunda Libertadores, eu escrevi pra você.

E disse que, em toda a minha vida de palmeirense, jamais tinha vivido emoções tão fortes.

Daquelas emoções que nos conduzem para fora da galáxia.

Tudo graças à você.

O tempo passou e você continuou ganhando. O Palmeiras continuou ganhando. A torcida continuou te amando.

Eu disse amando?

Não, Abel, foi muito mais que isso.

A gente passou a lhe venerar como a um Deus.

A diretoria lhe venera, os jogadores lhe veneram, os 16 milhões de palmeirenses lhe veneram.

Mas, do nada, você começou a demonstrar uma certa arrogância e uma soberba, parecendo que você tinha vindo para o Brasil querendo ensinar o Brasil a jogar futebol.

Logo o Brasil, país do futebol, com 5 Copas do Mundo na bagagem.

E, confesso, suas idéias sobre o que cerca o futebol brasileiro foram de extrema valia. Em relação aos gramados, ao calendário, aos árbitros, ao VAR e tudo o que cerca o futebol brasileiro fora de campo. Repito, fora de campo.

O Brasil não aprendeu e cá entre nós, provavelmente, nem vai aprender.

Porém, o tempo foi passando e, pouco a pouco, fomos descobrindo que, na prática, você desdiz tudo o que está no seu livro.

Mostrou ser uma pessoa destemperada, arredia, arrogante e, principalmente, sem noção de onde você está.

Não notou que o Palmeiras, a marca Palmeiras, começou a ser ainda mais perseguida por árbitros, federações, imprensa e a CBF. Mais do que ela sempre foi.

Hoje, em qualquer jogo do Palmeiras, basta um fio de bigode do Flaco Lopes estar impedido para que o VAR invalide o gol.

Eu fico imaginando, Abel, você técnico do Benfica, do Porto, do Sporting fazendo aquele gesto obsceno que fez em pleno Allianz Parque.

Ou dando a resposta para a repórter da Band dizendo que apenas 3 mulheres poderiam lhe dar satisfações. Que derrapada machista, hein?

Você teria coragem de mostrar sua genitália para milhões de portugueses no estádio, lá em Portugal?

Como diria meu finado pai: o esculete que você teria coragem de fazer isso perante seus patrícios.

Mas se esqueceu, também, que essa imagem correu o mundo e certamente chegou a Portugal.

Você esqueceu que um líder costuma dar exemplos. E muita gente também passa a fazer o que o líder faz.

A prova disso foi aquele palmeirense energúmeno que mostrou a genitália para a torcedora do Botafogo, em pleno Allianz Parque.

E por que ele fez isso, Abel?

Não posso afirmar com segurança, mas esse palmeirense provavelmente quis lhe imitar.

Eu fico imaginando a sua esposa e filhas vendo você ao vivo no Allianz Parque, ou mesmo pela TV, vendo as suas recentes atitudes.

Imagine elas vendo você fazer isso lá em Portugal.

Ou que os seus vizinhos, as coleguinhas das suas filhas ou mesmo toda a sua família vendo isso, LÁ EM PORTUGAL!

Imagine, também, o Guardiola, o Mourinho, o Klopp e todos os técnicos que você venera na Europa (que seguramente é o seu grande desejo de estar) vendo você fazendo isso.

Pior, imagine os presidentes dos grandes times europeus lhe contratando depois de saber sobre essas idiotices que você cometeu aqui no Brasil.

Imagine mais: imagine no Mundial de Clubes de 2025, com milhares de câmeras mostrando para o mundo você sacudindo a genitália! Imaginou?

O meu neto de 5 anos se tornou palmeirense graças ao avô palmeirense, mas também muito provavelmente porque ele viu as conquistas do Palmeiras nos últimos anos.

E nem quero imaginar a reação dele quando ele te viu sacudindo a genitália no gramado.

Gostaria também de ouvir a Leila Pereira, como mulher e como presidenta do Palmeiras, sobre esse machismo do Abel.

Reparou, Abel, que eu não fiz nenhum comentário sobre o nosso time dentro de campo e com você comandando?

Bem que também poderia lhe criticar sobre o time dentro das quatros linhas, com os enormes vacilos que cometeu esse ano.

Dentre esses vacilos, a covardia demonstrada por você contra o Flamengo na primeira partida da Copa do Brasil.

Apesar de tudo isso, milhões de palmeirenses, como eu, continuam lhe respeitando.

Mas milhões talvez também estejam ressentidos com você.

Pensa nisso, gajo.