QUER VIVER NUMA VERDADEIRA DEMOCRACIA? VÁ PARA A PRAIA!

Cada vez que frequento uma praia, não tenho dúvidas: não há nada tão democrático quanto um lugar com areia, com sol, com mar e com gente.

Primeiro, porque mistura gente de todo tipo, de todas as raças, de todas as idades e condições financeiras. E todos convivem harmônica e democraticamente.

Em dois guarda-sóis próximos, num você vê alguém tomando uísque importado e no outro aquela dose generosa de cachaça. Dali a pouco, os vizinhos estão conversando sobre a vida, enquanto seus filhos convivem fazendo o mesmo castelo de areia. Democraticamente.

Nesses mesmos guarda-sóis, alguém pede um queijo coalho pro vendedor na areia. E alguém do outro guarda-sol faz o mesmo. Democraticamente.

Nessas mesmos guarda-sóis, as pessoas fazem seus pedidos de comida e bebida na barraca fornecedora, próxima do lugar onde estão. Vão pedindo e o barraqueiro vai marcando numa caderneta.

E ao saírem da praia, as pessoas efetuam os seus pagamentos, sem que ninguém dê o calote. Porque há seriedade e confiança implícitas entre todos. Democraticamente.

E quando o barraqueiro vai com sua cara, então!

Enquanto ele prepara o seu drink, fala sobre futebol como se lhe conhecesse há séculos. E você retribui já tirando um sarrinho dele, porque o seu time foi campeão e o dele não. E ele sorri, sem fazer cara feia. Democraticamente.

Todas, repito, todas as pessoas juntam suas latinhas de cerveja vazias e doam para o catador de latas, porque isso vai servir para ele aumentar sua renda.

Os salva-vidas estão ali para socorrer todos. Pessoas de esquerda, de direita, do centro e o escambau. Democraticamente.

E nesse ano vi algo nunca tinha presenciado antes, mas que me emocionou muito: o gesto instantâneo das pessoas baterem palmas quando uma criança se desgarra dos pais, em plena praia.

Nesse momento não tem rico, não tem pobre. Não tem branco, nem preto. Não tem gordo ou magro. Não tem homem nem mulher.

Todos são um só.

Todos unidos e afinados no ato de bater palmas. Para salvar uma criança.

Democraticamente.

Quando vi isso fiquei pensando: por que o mundo também não é assim? Solidário, próximo, coerente, amigo, com liberdade, com empatia?

Aliás, por que o Brasil atual não é como uma praia? Sem ódios, sem vinganças, sem censura, sem picuinhas, sem ciúmes, sem fake news.

Sinceramente?

Acho que alguns governos deveriam ir à praia mais vezes.

 

Wanderley Dóro

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