O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VII BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

Autor: Nilton Bustamante

1. “Bem-aventurados os pobres de espirito, porque deles é o reino dos céus. (S. Matheus, V, 3).”

2. “A incredulidade tem-se divertido à custa desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espirito, assim como de muitas outras que não compreende. Falando de pobres de espírito, Jesus não cogitou dos homens desprovidos de inteligência, mas dos humildes. Disse que o reino dos céus é para eles e não para os orgulhosos.
Os homens de ciência e espírito, segundo o mundo, têm geralmente tão elevada opinião, quanto a si próprios e à sua superioridade, que encaram as coisas divinas como indignas de sua atenção. Os olhos concentrados em suas personalidades, não podem elevar-se até Deus. Essa tendência a crerem-se acima de tudo provém do receio de que outra força superior possa rebaixá-los, e então negam até a própria divindade; e se concordam em admiti-la, contestam um dos seus mais belos atributos – a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que só eles são suficientes para governá-lo perfeitamente. Comparando a sua inteligência à inteligência universal e julgando-se aptos para tudo compreender, não pode crer na possibilidade do que não compreendem. O seu julgamento, uma vez pronunciado, não tem apelo.
Se, entretanto, recusam admitir ao mundo invisível e a potência extra-humana, não é por estar isso acima do seu alcance, mas porque o orgulho revolta-se contra a ideia de uma coisa acima da qual não podem-se colocar e que os obrigaria a descer do seu pedestal. Eis porque só têm sorrisos desdenhosos diante de tudo quanto não pertence ao mundo visível e tangível, e julgam possuir demasiado espírito e ciência para acreditar em fatos que, segundo eles, são próprios das pessoas simples, julgando ‘pobres de espirito’ quem tais fatos toma a sério.
Todavia, digam o que disserem, eles hão de entrar, como os demais, nesse mundo invisível que tanto ridicularizam. Lá então se lhes abrirão os olhos e eles reconhecerão o erro. Mas Deus, que é justo, não pode receber com a mesma igualdade aquele que lhe desconheceu o poder e o que humildemente se submeteu às suas Leis.
Dizendo que o reino dos céus é dos simples, Jesus quis exprimir, que lá ninguém é admitido sem ‘simplicidade de coração e humildade de espírito’; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que acreditava mais em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias ele coloca a humildade no grau das virtudes que aproximam o homem de Deus e o orgulho entre os vícios que o afastam; e isso pela razão muito natural de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra Ele. Mais vale, consequentemente, para a felicidade futura do homem, ser ‘pobre de espírito’, no sentido empregado pelo mundo, e rico em qualidades morais, do que ter o inverso dessas posições.”

Nilton Bustamante

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