Ele foi um dos ídolos da minha adolescência.
Tive a oportunidade de vê-lo ao vivo por duas vezes.
A primeira vez foi numa palestra que ele deu no Festival de Cannes de Publicidade.
A segunda foi no Hollywood Rock no Rio, em 1990.
Eu e minha esposa estávamos na boca do gargarejo, rigorosamente na primeira fila do palco.
Dava até para sentir os perdigotos que saiam melodiosamente da boca dele e eram aparados por nossas cabeças.
Naquele dia entendi por que tinha comprado todos os CDs dele. Simplesmente porque ali estava alguém raro na música.
Que não só cantava, como também – e principalmente – compunha as suas próprias músicas.
Dá pra contar nos dedos alguém que influenciou tanto a música no mundo como ele.
Aqui no Brasil, apenas Chico Buarque e Cazuza (pelo meu critério) conseguiram a proeza de escrever magistralmente e cantar suas próprias músicas.
Bob Dylan, com suas canções de protesto, influenciou toda uma geração.
Arredio, invocado, marrento, pretensioso ao ponto de não comparecer à cerimônia de entrega do Nobel de Literatura em 2016, em Estocolmo, na Suécia.
O cantor enviou um discurso de agradecimento.
Digam o que quiser sobre ele.
Mas se um ET descesse à terra agora, certamente o colocaria no Top 5 da sua playlist.
Um dia Dylan chegou em Nova York com seu violão embaixo do braço, sem dinheiro no banco, quase sem roupa, mas que colocou o mundo em polvorosa musical.
Se alguém duvidar da capacidade criativa do Bob Dylan, basta ler a letra abaixo.
Blowin’ in the Wind.
Quantos estradas um homem precisa percorrer. Até que você o chame de homem? Quantos mares uma pomba branca precisa navegar. Até que ela durma na areia? Sim, e quantas vezes as balas de canhões precisam voar Até que elas sejam banidas para sempre? A resposta está sendo soprada pelo vento. Sim, e quantos anos uma montanha precisa existir. Até que ela seja levada pelo mar? Sim, e quantos anos algumas pessoas precisam viver. Até que permitam que elas sejam livres? Sim, e quantas vezes um homem precisa virar a cabeça. E fingir que simplesmente não vê? A resposta, meu amigo. Está sendo soprada pelo vento. A resposta está sendo soprada pelo vento Sim, e quantas vezes um homem precisa olhar para cima Até que ele veja o céu? Sim, e quantos ouvidos um homem precisa ter Até que ele ouça as pessoas chorarem? Sim, e quantas mortes serão necessárias até ele perceber que muitas pessoas já morreram? A resposta, meu amigo Está sendo soprada pelo vento A resposta está sendo soprada pelo vento.


