O Cretinismo Religioso Diante das Vertentes que Buscam a Paz Interior

Vivemos tempos em que a fé se tornou produto e o púlpito, palanque. O cretinismo religioso — esse comportamento fanático, arrogante e moralista disfarçado de devoção — cresce à sombra de instituições que perderam o contato com a essência espiritual e abraçaram o espetáculo do poder.

Esse tipo de religiosidade não busca o sagrado. Busca o controle. Não quer iluminar consciências, quer uniformizar mentes. Alimenta-se da ignorância alheia e da certeza absoluta de que só há uma verdade: a sua. A Bíblia vira arma. O altar, tribunal. Deus, um ventríloquo de preconceitos.

Enquanto isso, outras vertentes — silenciosas, às vezes desacreditadas — seguem o caminho oposto. Cultivam a paz interior, o autoconhecimento, a compaixão real. Não fazem barulho porque não precisam de aplausos. Não buscam templos de concreto, porque encontraram o templo dentro de si.

Essas correntes espirituais não impõem dogmas. Oferecem caminhos. Não ameaçam com o inferno — inspiram à transformação. Sabem que a paz não se impõe com gritos ou cruzadas morais. Ela brota da aceitação, da escuta e da humildade diante do mistério da vida.

O cretinismo religioso teme justamente isso: a autonomia do espírito. Porque quem pensa, escolhe. Quem medita, questiona. E quem encontra sua própria luz não precisa mais do falso brilho de gurus vaidosos.

É preciso dizer com clareza: o problema não está na fé. Está na manipulação da fé. Na instrumentalização do sagrado para fins políticos, financeiros e ideológicos. Está no discurso que prega amor, mas semeia exclusão.

A espiritualidade que liberta não precisa provar nada. Basta existir.

E talvez o maior ato de resistência hoje seja esse: escolher a profundidade em vez da performance, o silêncio que cura em vez da gritaria que condena, a verdade interna em vez do dogma externo.

Porque no fim das contas, o verdadeiro sagrado não se grita. Se vive.

Mario Doro

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