Bragança Paulista carrega o título de estância turística desde 1964. É um reconhecimento que traz benefícios orçamentários, porém, se quisermos manter o nosso apelo turístico, precisamos olhar com mais carinho para o ciclismo. E não só como lazer, mas como parte da infraestrutura da cidade, precisamos tratar ciclovias como um investimento.
Engana-se quem pensa que investir em infraestrutura cicloviária é um custo. Muito pelo contrário, trata-se de um investimento que pode gerar benefícios para as cidades. Esses benefícios aparecem com a redução dos gastos com saúde pública, devido à menor poluição do ar e ao aumento da prática de atividade física, através da diminuição dos congestionamentos, o que representa economia de tempo e de combustível. Além disso, há um impulso no dinamismo do comércio local, gerado pelo maior fluxo de pessoas circulando de bicicleta. Esses efeitos positivos indiretos são conhecidos como externalidades.
Na linguagem dos economistas, isso significa que o custo real de não investir em ciclovias não está no orçamento da prefeitura, mas aparece nas emergências dos hospitais, no tempo perdido em engarrafamentos e no desestímulo ao turismo ativo.
Desde 2020, vimos em Bragança um aumento enorme no uso da bicicleta, impulsionado pela pandemia. Esse boom virou hábito, aos domingos, por exemplo, é bastante comum ver as rotas ciclistas da cidade tomadas por bicicletas. O problema é muitas vezes a falta de estrutura. A Rota do Bar da Vanda, por exemplo, se tornou mais perigosa com o aumento do tráfego após asfaltamento e a ausência de sinalização e lombadas.
Além do turismo, temos uma questão ainda mais importante, a mobilidade urbana. Com o preço dos combustíveis em alta e o transporte público muitas vezes deficiente, a bicicleta se torna uma alternativa viável para quem precisa se locomover. Mas para isso, é preciso garantir segurança e conectividade entre bairros afastados e o centro da cidade.
Bragança tem um grande fator favorável, o interesse crescente da população e o momento de investirmos é agora. Ciclovias são políticas públicas inteligentes, um investimento que gera retorno social, ambiental e econômico.


