EMBARGOS AURICULARES n° 386 “A independência independente”

Numa semana sacudida e que promete muito, a população ocupou as ruas das capitais brasileiras e de muitas cidades pelo Brasil neste 7 de setembro (domingo) por conta das comemorações do “Dia da Independência”. Mas, que parcela do povo foi essa, vestida em sua grande maioria, de verde e amarelo e que apresentava entusiasmo por conta da data? Foi o pessoal da direita que mais uma vez, aproveitou para proclamar seus temas, sendo eles o da anistia, impeachment de ministros do STF e gritar “fora Lula (PT)”.
Não houve notícias de badernas ou de baderneiros, embora existisse certo receio das autoridades por conta de possíveis encontros entre militantes. É que bem pertinho da Av. Paulista, na Praça da República, no centro de São Paulo, também ocorreu, em mesma data e horário, uma manifestação em separado, convocada pela esquerda com o fim de, além de comemorar a data, pregar a defesa da soberania, etc. Graças a Deus, nenhum tumulto ocorreu e as pessoas, de ambas as militâncias, voltaram para suas casas tranquilamente.
Os pontos em destaques foram dois.
O primeiro, foi que o número de presentes nas manifestações convocadas pela direita superava muitíssimo o de presentes nas manifestações convocadas pela esquerda. Isso era flagrante aos olhos de quem vê as imagens que correram jornais, redes sociais, etc. Tornou-se costumeiro! Com isso, volta o questionamento se as pesquisas em torno da aprovação ou reprovação de Lula (PT) realmente correspondem à realidade das ruas. Por mais que você goste ou não, seja de Lula (PT) ou de Bolsonaro (PL), a questão vai perdurar enquanto a população lotar as ruas em ocasiões como esta.
O segundo ponto em destaque foi a imensa bandeira dos Estados Unidos estendida sobre as cabeças de manifestantes no meio da Av. Paulista. Foi um “prato cheio” para esquerda “descer a borduna” com alegações como “eles querem o Brasil de quatro para o imperialismo americano”, “nós valorizamos nossa bandeira brasileira”, etc. Na verdade, o que a organização do evento na Av. Paulista quis fazer foi uma provocação ao STF, visto que o Min. Alexandre de Morais é relator no “caso do golpe” que está sendo julgado esta semana e ele sofre os efeitos da Lei Magnitsky. O fato é que ninguém quer perder a oportunidade de jogar na cara do outro qualquer ato que possa ser considerado como deslize ou situações que possam constranger os discursos dos opositores.
O saldo disso tudo é que a direita está provando que, depois de muito apanhar e durante décadas, aprendeu a lição e está demonstrando que atingiu um patamar de organização, o que incomoda e assusta muito a esquerda. Tanto que chamou a atenção de Donald Trump (PR), presidente norte-americano, e que não está poupando nada para “dar uma mãozinha” às pautas defendidas por Bolsonaro (PL). Aliás, convenhamos, se o apoio de Trump fosse a favor de Lula (PT) essa turma, ao invés de reclamar, festejaria o triplo e iria faltar trio elétrico para a farra!
Por sua vez, é o terceiro “7 de setembro” que o “Governo Lula” faz uma comemoração “nem mesmo pra inglês ver” na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Tinha mais gente desfilando do que assistindo! Se não fosse o som de alto-falantes, poder-se-ia ouvir o canto dos passarinhos e identificar cada um deles. Brincadeiras à parte, é fato notório nas imagens.
Em resumo, a direita vem, há tempos, ocupando o terreno que foi, durante muitos anos da esquerda: as ruas. E isso tem sido uma constante e fator fundamental nas questões políticas e que influenciarão demais as eleições do ano que vem.
É isso!

Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito.

Marcos Tulio de Souza Bandeira

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