Numa eleição em que mais foram avaliados os vices (Gi Borboleta e Basílio), deu aquilo que o favoritismo anunciava lá atrás: venceu Edmir Chedid. Entretanto, ao contrário do que se pensava, por bem pouco, Zé de Lima não leva essa pra casa. Isso porque o “Grupo Chedid” demorou a se decidir quanto ao candidato que disputaria a cadeira do Palácio Santo Agostinho.
Zé de Lima, apesar da idade, fez muito corpo a corpo, enquanto Edmir não seguiu os passos do adversário e deixou de comparecer a eventos importantes como sabatinas e debates, etc. Foram lançadas pesquisas que, evidentemente, não condiziam com a realidade e o resultado foi uma eleição apertada com uma diferença de pouco mais de 3.000 votos.
Agora, como a próxima corrida eleitoral (2028) já começou no primeiro dia após o pleito de 06 de outubro, a pergunta que nos leva a refletir é: quais serão os candidatos a prefeito nas próximas eleições? Isso é relevante porque Zé de Lima não deve disputar mais nada. Edmir, apesar de jovem, tem condições de saúde debilitada devido a seu quadro clínico após seus AVCs. Jango, ao renunciar ao pleito desse ano, não poderá mais concorrer a prefeito. João Carlos teve votação menor do que vários vereadores, assim como César Alves e Tânia Clemente. Logo, tudo indica que os pretendentes a prefeito de Bragança Paulista em 2028 serão outros.
É verdade que Gi Borboleta como vice de Edmir teria – eu disse teria – o natural privilégio da escolha. Mas, Chedid é Chedid e esse grupo não costuma (vide histórico) escolher pra cargos importantes quem não tem o “sangue azul”. Basílio deve ser um dos indicados pela oposição, tendo em vista sua trajetória de preparo para isso. Mas, é para a Câmara Municipal que as atenções se voltam.
Entretanto, o perfil da Câmara foi mantido e não é nada bom! Veremos os mesmos “quid pro quos”, rapapés e salamaleques de uma política entre vereadores e prefeito que não trazem nada de útil à cidade. Resumindo: prevaleceu o cenário assistencialista. E como não existe vereador assistencialista – porque vereador não tem atribuição de realizar obras, manutenções, administração de bens, compras, etc. – será o marketing, por parte dos vereadores (salvo raríssimas exceções), desses para uma Bragança de “Alice no país das maravilhas”.
Até mesmo a oposição que fez 6 vereadores dessa vez, sofrerá enorme assédio para quem quiser vir a compor o grupo Chedid como já houve no passado e que não foi difícil para o grupo dominante arrastar quem o interessava, como é o caso de Juninho Boi, por exemplo. Não duvido que ocorra também agora. Não será nenhuma surpresa, porque a hora que o vereador assistencialista opositor perceber que não fará nada do que prometeu à população correrá para o colo de Edmir com medo de ser abafado por outro, porque sempre tem alguém que queira “cartar com o chapéu dos outros” no seu lugar.
Outra possibilidade, é o surgimento de um empresário, por exemplo. Alguém que não componha nenhum grupo político da cidade, mas que esteja disposto a se enveredar na disputa, como foi o caso do Governador Romeu Zema (Novo-MG). Claro que para isso, será importante o investimento alto para disputar o cargo de prefeito. Hipótese muito difícil, mas, possível.
Quanto aos eleitores, fica claro que enquanto esses não entenderem que vereador não é seu despachante, teremos o perfil de câmara subserviente ao prefeito. A maioria absoluta dos candidatos a vereador, inclusive muitos dos próprios vereadores que estavam disputando suas reeleições não sabem o que faz um vereador. E, quando sabem, não tinham coragem de explicar ao eleitor com medo de perder voto.
É o favor, o toma lá, dá cá (“quid pro quo”), o emprego, o contrato, o acerto, o jogo de camisa do time, a dentadura, a troca de lâmpada, a terraplanagem do terreno, o churrasco, a cervejada, o remédio que é fornecido de forma irregular e mais tantas fantasias e devaneios, mas que induzem e seduzem o eleitor a votar exatamente em quem não vai cumprir com nenhuma promessa porque essa não é a atribuição de vereador!
Mas, o Brasil é isso e Bragança faz parte do Brasil. Por que aqui seria diferente? Que o Senhor Deus nos ilumine, a todos, inclusive os eleitos, e tenha misericórdia de nós!
É isso!
Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito


