EMBARGOS AURICULARES n° 353 “As intemperes no âmbito climático, familiar, moral e ético das tragédias no Brasil”

 

Podemos, tranquilamente, classificar os fatos ocorridos no Rio Grande do Sul como uma catástrofe! Aliás, ponha catástrofe nisso! O estado gaúcho penará para identificar, avaliar os danos e depois se reconstruir. Foram perdas na pecuária, na agricultura, no comércio, nas propriedades, casas, carros, de familiares, de amigos, de animais de estimação, etc.
Estradas, aeroportos, rodovias, ferrovias, pontes, hospitais, fóruns, tribunais, praticamente tudo destruído. Por volta de 80% de um estado que produz para si, para o Brasil e até para exportação está, praticamente, tudo perdido! Agora, estão aparecendo outros problemas, sendo todos derivados das enchentes. São as doenças, como a leptospirose, hepatite, doenças de pele, pneumonia, etc. Tudo parecia que isso seria demais para os olhares e para a alma de qualquer um que assistisse a esse espetáculo em que vivem nossos irmãos gaúchos. Ledo engano!
Na sexta (17.05), na zona oeste de São Paulo, um adolescente de 16 anos matou o pai, a mãe e a irmã a tiros. O motivo, segundo relato dele próprio foi como “a gota d’água”. Tudo por conta de os pais terem-lhe tirado o celular e o vídeo game, bem como ter sido chamado de “vagabundo” numa das discussões em família (UOL; 21 mai 24). O adolescente, permaneceu com corpos dos três até o domingo (19.05), quando resolveu ligar para a Polícia e informar o ocorrido.
A arma utilizada pelo adolescente era do Pai (GM) e claro que os adeptos pelo desarmamento da população usarão esse fato para embasar a proibição do uso de armas por civis incondicionalmente. Nada de novo nisso! A novidade é que o rapaz era adotado (Terra; 20 mai 24) e aí já se pode ouvir os brados: “é por isso que não adoto”! Se duvidar, é esse tipo que é a favor do aborto, embora esse rapaz seja um perfeito exemplar daqueles que deveriam ter experimentado a prática tão defendida pelos progressistas.
Aí, você pode dizer: “é demais para nós! Chega de desgraça!” Mas, no Brasil, como desgraça pouca é bobagem, fomos brindados com outras duas de deixar qualquer um de alma e queixo caídos!
A primeira foi o reconhecimento da prescrição no caso em que está envolvido o ex-Ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele foi condenado pelo, então, juiz Sérgio Moro a 11 anos e três meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região reduziu a pena para oito anos, dez meses e 28 dias de reclusão. A condenação se deu por recebimento de R$ 2 milhões em propina envolvendo contrato da empresa Apolo Tubulars com a Petrobras (Lava Jato) (Consultor Jurídico; 23 mai 24).
Ora, ora! Você que é fã de Dirceu terá, a partir de agora, a oportunidade de votar nele nas próximas eleições, as de 2026, ao que tudo indica, para deputado federal porque interessa ao, agora, “ficha limpa”, recuperar o status do famigerado foro privilegiado. Arrisco dizer que nem precisava, porque não me recordo de nenhum “Zezinho-das-couves” ser tão agraciado como foi o ex-Ministro.
E a última foi a anulação de todas – EU DISSE TODAS – as provas que comprometiam Marcelo Odebrecht nos casos, vários, em que estava envolvido na “Lava Jato” (22 mai 24). O Min. do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli anulou os atos de investigação contra o empresário, mas manteve o acordo de delação. De modo que contra este, também não tem como se nunca tivesse tido coisa alguma contra esse cidadão.
Um “viva” para essa decisão! A Odebrecht foi a principal empresa envolvida no maior esquema de desvio de dinheiro público da história mundial! O caso conhecido como “Petrolão” desfalcou até as entranhas da Petrobrás, com financiamento, inclusive, para obras no exterior, em Estados como Venezuela, Cuba etc., e que não nos pagaram!. E Marcelo Odebrecht, como o diretor responsável, fez parte de absolutamente todos os esquemas que envolveram políticos, Presidente da República, Ministros de Estado, Deputados, Senadores, etc. Agora, está “limpinho, limpinho”, graças ao “respeitoso entendimento” do Min. Toffoli.
Pensando bem, ele não está errado, não! Afinal de contas, é preciso reconstruir a Odebrecht para ela “ajudar a reconstruir” o Rio Grande do Sul! Se alguém tem de fazer isso, porque não uma empresa e empresários com gabarito para tal? Ainda mais, agora! Quando ficou escancarada a honestidade de Marcelo! Ora, ora, ora!
De todas essas tragédias, difícil é saber qual a mais impactante. Uma é climática, a outra é familiar, mas as duas últimas são da moral e da ética, onde o Brasil vai de mal a pior!
Que o Senhor tenha misericórdia de nós!
É isso!

Marcos Túlio, Advogado e Professor de Direito

Marcos Tulio de Souza Bandeira

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