Eu costumo dizer que tenho o hábito de cair em público.
Há mais ou menos doze anos sofri uma queda em plena Conferência Municipal de Cultura, evento que reuniu agentes das mais diversas vertentes culturais de Bragança Paulista e que, após anos de discussão, resultou no projeto, o qual se transformou em lei que, aprovado pela Câmara Municipal, deu origem ao Conselho Municipal de Políticas Culturais, vigente e atuante em nossa cidade.
Embora esse tema seja importante, nem vem ao caso agora nesta crônica. O que vem ao caso é a queda. Sim, eu caí, me estabaquei no chão no meio de uma das salas da conferência, com direito à ambulância do Samu, uma fratura no fêmur da perna direita e o rompimento do menisco do respectivo joelho.
Para consertar a fratura, foi colocada uma haste com parafusos, o que reduziu em mais ou menos um centímetro e meio o comprimento da minha perna e faz o joelho direito doer mal dou dez passos.
Subir e descer escadas então, nem pensar!
Pois bem, com o tempo a gente vai se acostumando com as mazelas da idade. Assim, retirei de minha programação a caminhada diária, evito escadas e procuro sempre estacionar o carro o mais perto possível dos locais que frequento.
Estacionar o carro em Bragança é quase sempre um milagre, mas para que esse milagre se realize, costumo, antes de sair de casa, fazer uma oração à Nossa Senhora da Vaga. Às vezes funciona!
A velhice também altera alguns hábitos de nossa vida. Eu, que sempre fui de dormir tarde e acordar mais tarde ainda (no início da minha aposentadoria quase troquei o dia pela noite!), de uns tempos para cá dei de acordar cedo, cedo não, cedíssimo! Seis horas da manhã já acordo completamente desperta e louca de vontade de tomar um café fresquinho e fumar o primeiro cigarro do dia.
Dias atrás estava reclamando de meus achaques com meu primo e disse a ele: – veja só, depois de velha, com a perna direita troncha e o joelho bichado, pois não é que me apareceu um esporão no calcanhar esquerdo? E ele: – Tome cuidado, você acordando de madrugada e agora com esporão, se começar a cantar vai virar galo!
A velhice é a prova que o inferno existe
