A Soberania Brasileira e o Desafio da Cidadania
Introdução
A soberania de uma nação é um dos pilares fundamentais para a sua existência. É através dela que um país se afirma perante o mundo e garante que seus cidadãos tenham autonomia para decidir os rumos da sociedade. No entanto, essa soberania não se sustenta apenas em discursos políticos ou documentos legais: ela precisa ser respeitada, valorizada e defendida pelo próprio povo. No Brasil, contudo, vivemos uma crise de identidade nacional, marcada por uma baixa autoestima coletiva e por um cenário de corrupção que fragiliza nossas instituições.
O problema histórico da corrupção
A corrupção não é um fenômeno recente no Brasil. Desde o período colonial, quando o sistema de capitanias hereditárias e a exploração do pau-brasil favoreciam poucos em detrimento da maioria, a apropriação privada do bem público tornou-se prática recorrente. Durante o Império, escândalos como o Encilhamento (1890), marcado por especulações financeiras fraudulentas, já revelavam uma elite interessada mais em ganhos pessoais do que no fortalecimento do país.
No século XX e XXI, o problema se agravou. Casos como o Escândalo do Orçamento (1993), o Mensalão (2005) e a Operação Lava Jato (2014) evidenciam como a corrupção atravessa governos e partidos, corroendo a credibilidade da classe política. O desvio de verbas da saúde durante a pandemia de COVID-19 é outro exemplo concreto: em vários estados, contratos superfaturados para a compra de respiradores e insumos hospitalares custaram vidas. Cada episódio desses atinge diretamente a soberania, pois um país enfraquecido internamente dificilmente consegue se afirmar externamente.
A manipulação política e a fragmentação social
A soberania também se fragiliza quando a manipulação política cria um ambiente de divisão social. Nos anos de ditadura militar (1964-1985), a censura e a repressão sufocaram a participação popular, comprometendo a autonomia do cidadão. Hoje, apesar da democracia formal, ainda vivemos sob a influência de discursos radicais e polarizados, muitas vezes disseminados por fake news em redes sociais, que geram ódio e intolerância.
Esse cenário é comparável ao que se observa em outras nações: a ascensão de governos populistas em países como Hungria e Venezuela mostra como o radicalismo e o ataque às instituições corroem a soberania ao transformar o Estado em instrumento de perpetuação no poder, em vez de ser um espaço de construção coletiva.
O despertar da cidadania
Apesar desse histórico, a soberania brasileira não está perdida. Movimentos sociais e episódios marcantes mostram a força da cidadania. O Diretas Já (1983-1984), que mobilizou milhões de brasileiros pela volta das eleições presidenciais, foi um momento em que a população demonstrou sua capacidade de reivindicar seus direitos. Mais recentemente, as manifestações de 2013, embora controversas em seus desdobramentos, também revelaram a insatisfação popular com os gastos públicos em contraste com a precariedade da saúde, educação e transporte.
Esses exemplos mostram que a soberania só será plena quando o povo compreender que o Brasil pertence aos brasileiros, e não a representantes que buscam apenas enriquecer. A luta pela soberania não é feita por atos de violência ou discursos de ódio, mas pela exigência de ética, transparência e responsabilidade dos governantes.
Conclusão
A soberania não é apenas um conceito abstrato, mas uma prática histórica que deve ser sustentada diariamente pela união entre povo e instituições. Enquanto a corrupção e a manipulação dominarem a política, permaneceremos frágeis diante de nós mesmos e do mundo. Contudo, a história mostra que o Brasil tem capacidade de reação: da luta pela Independência (1822) à resistência democrática do século XX, sempre houve cidadãos dispostos a reivindicar seu papel.
Cabe a cada brasileiro assumir a consciência crítica de que soberania é também cidadania ativa. Somente quando unirmos memória histórica, responsabilidade política e engajamento coletivo seremos realmente uma nação soberana.