O interesse genuíno.

Talvez uma das coisas mais difíceis de se encontrar nos dias de hoje seja o interesse genuíno, estamos todos tão presos nos nossos problemas, tão voltados para dentro que não conseguimos olhar ao redor e demonstrar interesse genuíno por qualquer um que seja.

Na época do natal, nos final de ano, provavelmente porque nossa mente enxerga isso como o final de um ciclo, temos a tendencia de deixar aflorar esse sentimento com mais facilidade.

Porem, lhe faço uma pergunta, o quanto você se interessa genuinamente pelos que estão a sua volta?

Luiz Gasparetto disse certa vez que “família é aquela ligada pelo espirito e não pelo sangue”, até certo ponto ele está certo. A família é nosso primeiro laço, mas não é necessariamente um laço eterno, assim como existe divorcio de marido e mulher é possível sim, existir um divorcio entre pais e filhos ou irmãos, afinal, é pura hipocrisia fingir um interesse por uma pessoa que no fundo você não faria a menor questão de ter ao seu lado se não fosse o laço de sangue. As vezes por índole, as vezes por ideologia as vezes apenas pela energia.

A grande questão e o grande desafio é saber o quanto você está disposto a abrir espaço de gratuidade na sua vida para quem realmente lhe importa.

Faça uma auto analise, para quem você liga apenas para saber se está bem, para quem você é capaz de mandar uma mensagem, apenas com um “ei, pensei em você.!” Sem interesse, sem esperar nada em troca.

Existe na sociedade de hoje todo um trabalho para distanciar as pessoas, para desfazer os elos de família, segundo Victor Hugo “Toda a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o indivíduo mas sim a família.” Temos que estar atentos, laços de família não são nós impossíveis de desatar mas também não devem ser feitos de papel frágil que se rasga facilmente.

É no laço da família que se forma o caráter das futuras gerações, é dentro de casa que os valores são passados e repassados. Em o Banquete de platão em uma de suas passagens Agatão diz: “O que não se tem ou o que não se sabe, também a outro não se poderia dar ou ensinar”. Não podemos esperar empatia, honestidade, amor ou responsabilidade de quem nunca conheceu ou recebeu isso.

Perceba a responsabilidade de se criar uma família, perceba que esse núcleo é muito mais do que reuniões de fim de ano e fotos em conjunto, onde por trás de sorrisos fotogênicos se escondem sentimentos pouco louváveis ou simplesmente a convenção do que esperam de nós.

Pessoas que sorriem em publico e se agridem no particular, não representam nada, ou melhor apenas representam o que não vivem no seu dia a dia.

É preciso sair da zona de conforto, é preciso se interessar genuinamente, saber que cada ser humano é um universo único e que mesmo assim estamos todos ligados, aos que formaram uma família, tem filhos, acrescenta-se a responsabilidade de formar cidadãos que serão um orgulho não para si, mas para a humanidade.

Aos que são sozinhos, o interesse genuíno, o espaço para a gratuidade nas atitudes para com o outro é o começo de um mundo melhor.

Gandhi dizia que não é preciso entrar para a história para fazer um mundo melhor, é possível fazer isso na sala de casa, alias é ai que o mundo melhor começa. Infelizmente temos uma geração de pessoas que quer mudar o mundo mas não consegue arrumar a própria cama.

Exupery em uma das mais famosas frase de o pequeno príncipe diz: tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” .

Pense nisso, o que você anda cativando? O que anda plantando, não apenas de sentimentos em relação a você, mas para o mundo.

Você se interessa genuinamente por alguém? Você é capaz de amar sem interesse? É capaz de abrir um espaço de gratuidade na sua vida?

Um ano novo diferente pode começar com pequenos gestos, com pequenos passos em direção ao outro, seja com sua família de sangue ou com os que comumgam das mesmas ideias que você.

Pense nisso.

Pedro Fabrini

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