Meu cachorro francês!

Sim, somente pode ser francês! Possui cavanhaque, pernas curtas, olhar aceso, leva a vida olhando pra rua como se fosse sua. Corre corre corre, aposta corrida com quem passa apressado, charretes ou carros, não importa, quer sempre ganhar, mostrar-se que é o tal! (que meu pitoquinho não nos ouça, mas minha mulher disse que ele tem “cara” de antigo, a cara do Ruy Barbosa, vê se pode, pode?!).

Meu chien é francês! Oui, somente pode ser francês! Possui um jeito engraçado de resmungar baixinho, tal velhinho resmungão desfilando pelo Arco do Triunfo em desfiles demorados nos dias de comemoração!

Não usa boina, mas até que poderia! Ficaria charmoso, o danadinho!

Ah, o pitoco, por adotar como moradia a Chácara do Poeta, ganhou o nome de “Soneto”. Veio a calhar, pois apesar de o local possuir três representantes caninos, pela boa vida que levam, decidiram, por conta própria, trabalharem somente poucas horas ao dia (à noite, nem pensar. E se estiver frio, hummm!, desaparecem!). Justiça seja feita, madrugada, ouve-se somente os latidos sonetinos pelo quintal, faça chuva faça sol! Ele é muito responsável, ah, isso é! (se bem que a Chiquinha, a noite dá seus latidinhos, ah! e choradinhas à la personagem do seriado “Chaves”.).

Pensando bem, o “Soneto” faz aquele tipo independente, deitado na grama da Eiffel, em sono profundo, acertado por raios fulminantes do sol, para logo despertar animado como se alguém o chamasse para oferecer-lhe o melhor queijo do cardápio, e com humor, de um momento ao outro, maluquinho feito gafanhoto com molas nas patas pula no pescoço do cachorrão Marrone (preciso dizer algo de bastidor, “bafão” que está correndo no mundo da matilha: depois que chegou o “Soneto”, novo morador do condomínio canino, Marrone entrou em um curso para cachorro de monge budista. Aja saco!, desabafa o Marrone. Coitado! Ah, psiu!, fala baixo, para quem não ainda sabe, demos o nome Marrone, pois foi encontrado bem filhotinho na praça. E, como diz na música: “dormi na praça”, seu guarda, é Marrone!).

E por falar em “queijo”, lembro-me de um trecho do livro sobre a vida do saudoso jornalista Reale Júnior, que foi morar em Paris com suas quatro filhas, mulher e empregada. Todas brasileiras. O apartamento tornou-se a República das Mulheres! Duas filhas, adolescentes; a do meio menos idade e a caçula, bem novinha. Ao passar dos anos, a filha menor tornou-se de alma francesa, e Reale teve a certeza quando um rato foi preso na ratoeira. As três filhas mais velhas, de almas brasileiras, disseram “coitadinho do rato”, será que ele sofreu?”, e ao chegar a mais nova, disse ela: “Qual o tipo de queijo foi usado na ratoeira?”

Ah, enquanto falávamos sobre o jornalista, o “Soneto” deixou um recadinho: “Vou dar uma mordida no meu petit gateau! Au revoir, auau! ”

22 juillet 2016

Nilton Bustamante

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