E quem disse que o mês de Junho é marcado apenas pelas Festas Juninas e os Santos populares. Junho também é o mês dos grandes eventos literários tanto aqui no Brasil quanto em Portugal, nosso país irmão, não somente por compartilharmos do mesmo idioma, mas também pelo nosso amor pelas letras.
Aqui no Brasil, consolidamos mais um ano de sucesso com a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro que ocorreu do dia 13 de Junho ao dia 22, com 740 mil pessoas circulando pelos pavilhões Riocentro, mais de 700 editoras presentes, cerca de 6,8 milhões de livros vendidos, contabilizando números maiores que os da edição anterior.
Local de encontros, experiências e de celebração, A Feira do Livro no Pacaembu que ocorreu do dia 14 de Junho ao dia 22, este ano, entra oficialmente para o calendário de São Paulo.
No projeto de Lei sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes, o evento literário que acontece anualmente na Praça Charles Miller, Pacaembu, prevê que a feira se realize todos os anos no feriado de Corpus Christi, com possibilidade de extensão para dias adicionais.
Outro ponto de encontro de tantas histórias, com 350 pavilhões, mais de 3.400 eventos, 85.000 livros, a 95ª Feira do Livro de Lisboa reuniu milhares de leitores apaixonados, que juntos transformaram do dia 04 de Junho até o último domingo, 22, o Parque Eduardo VII em um paraíso literário.
No mais recente estudo da consultora On Strategy, entre mais de 2000 marcas analisadas, a Feira do Livro surge em 94º lugar no ranking das marcas com maior força junto aos consumidores portugueses.
Neste ano, o evento literário que marca um dos momentos culturais mais importantes de Lisboa – Portugal, revelou-se ainda mais preocupado com o meio ambiente e fez uma forte aposta na sustentabilidade com o projeto “Vamos plantar livros”.
E não haveria como não se emocionar com mais um ano de dedicação e entusiasmo dos ávidos leitores, autores portugueses, internacionais, e também editores, que juntos, transformaram um parque a céu aberto em um verdadeiro oásis literário.
Portugueses das mais variadas cidades compareceram ao evento; muitos tendo enfrentado uma viagem de bate-volta, mas com ânimo suficiente para lidar com as altas temperaturas dos belos dias de sol que seguiram durante as semanas.
Muita hidratação e chapéus foram os melhores companheiros durante o passeio.
E não somente os portugueses marcaram presença, um forte público internacional contribuiu para consolidar a importância da Feira do Livro de Lisboa como polo cultural do país.
Com um forte público, o evento não somente apostou numa programação mais diversificada, como também aumentou o número de praças, investiu na volta dos concertos noturnos entre as atrações musicais e a programação infantil ganhou mais espaço e estrutura. Uma feira pensada para toda família.
Com muitas sessões de autógrafos, debates e espaço para nossas leituras que puderam ter início no próprio parque, paralelo aos eventos oficiais, muitas comunidades literárias se reuniram embaixo das árvores, atrás dos estandes, para reuniões de seus clubes de leitura, o que transformou o cenário em um espaço ainda mais abrangente e diversificado.
É com imensa honra e alegria que eu pude participar pelo segundo ano, como autora desse evento repleto de energia vibrante, de verdadeiros apaixonados por literatura e por novas histórias.
Nos dias 06 e 12 de Junho pude autografar meu décimo livro, este totalmente dedicado ao país e escrito inteiramente em meio às minhas viagens a Portugal, Farol das Palavras – Alma Lusitana.
Este meu livro tem toda a alma que pude expressar em palavras, palavras estas que como descrita em sua sinopse, são para além de um veículo de expressão, elas pintam cenários e emoções com uma intensidade quase palpável.
A alma lusitana apresentada, revela uma relação com Portugal que não se resume a um simples tema, mas uma parte fundamental da voz poética que permeia todo o livro.
Sou bisneta de Portugueses, mas apenas aos trinta e cinco anos tive a oportunidade de conhecer Portugal, que sempre fez parte das histórias de minha família e que culturalmente desde cedo cativou meu coração.
Ao pisar em solo português pela primeira vez numa manhã primaveril, senti-me em casa como se estivesse regressando, reconhecendo-me e desde então, vivo em estado de paixão pelas pessoas, pelos amigos queridos que por lá tenho, pelos sabores, pelas cores, por sentir-me tão viva e presente a cada passo por entre ruas e mais ruas.
Escrevo desde os meus doze anos, lancei meu primeiro livro aos dezoito e hoje, celebro esta caminhada literária com gratidão a todas as pessoas que me inspiraram e que também foram de alguma forma inspiradas por mim, por meio da minha escrita.
Escrevo variados gêneros literários, trazendo como característica em minha escrita uma linguagem poética, sensorial, que tem despertado cada vez mais interesse dos leitores e trazido boas críticas quanto às leituras tanto aqui no Brasil quanto em Portugal.
O resultado disso também pôde ser visto com minha participação na Feira do Livro de Lisboa, onde os exemplares do meu novo livro, Farol das Palavras – Alma Lusitana esgotaram por duas vezes!
Escrever, seja no Brasil ou em qualquer outro país, não é uma tarefa fácil, mas a caminhada sempre pode ser bonita quando há determinação e amor pelo ofício, e isto definitivamente não falta em mim.
E é por esse motivo, que permaneço incentivando e acreditando no avanço cultural, na valorização da nossa Língua Portuguesa e no incentivo à leitura e à escrita desde tenra idade, porque um país sem livros é um país sem voz. Porque um país sem acesso democrático aos livros é um país que respira por aparelhos.
Compartilho aqui um dos textos do meu novo livro, Farol das Palavras – Alma Lusitana (Editora: Ipês das Letras / Atlantic Books) disponível no Brasil e em Portugal.
Texto 123 – Página 153/154
Quando choro, nunca choro porque choro.
Meu choro sempre carrega o peso de todas as coisas pelas quais não chorei ainda.
As lágrimas aproveitam para escorrer sobre a face em razão de um pranto que se guarda.
Ou mesmo em face de alguma pontual circunstância.
Quando choro, meu choro é uma cadência apetitosa de um doce, aquele favo de mel para adocicar infantilmente a alma.
Amargada a calma na rotina desmantelada do tempo, também choro de estômago vazio.
Apetece-me algum alimento bem calórico logo após uma jornada de trabalho insana.
Quando choro, nunca choro porque choro.
Choro por tantas coisas no mundo.
Choro em notas lacrimais ou aquele choro silêncioso que cora as bochechas e ninguém vê, ninguém percebe tanto.
Quando choro, nunca choro demais.
Cada lágrima que é parcelada, surge volta e meia numa hora meio atrasada.
Antecipa-se também às vezes um pouco de saudade, um pouco de idade.
Ou o misto de tudo que sei e muito, e de tudo que nada sei, daquele nada de nada.
Meu choro sempre carrega o peso de todas as coisas pelas quais já chorei demasiado.
O passado vez ou outra atropela o presente e verbaliza cada lágrima.
O choro quando choro, é uma novela das oito que se passa às nove.
Um filme de amor numa noite de sábado.
A despedida que nunca se fala.
Que impõe lágrimas quando a conversa é aqui dentro.
Densa, quieta ou vagarosa.
Escoa melodicamente em soluços esparsos.
Escoa Hollywoodianamente na pressa.
Por Amanda da Silveira Lopes
Instagram: @faroldaspalavras