Dia Mundial da Língua Portuguesa

Imagine se todos falassem a mesma língua.
Imagine se todos morassem num mesmo país.
E agora imagine se todos morassem numa mesma casa.
A terceira questão pareceu mais assustadora ou impossível?
Muito mais que assustador, a palavra impossível aqui não emprega apenas um sentido de difícil realização, de concreta impossibilidade física, mas também de invalidação.
A multiplicidadade, a riqueza do que é diverso, consiste também em um propósito maior do que o já tão desejado, sonhado, mundo igualitário, por meio essencialmente dos direitos humanos, como também de eficazes políticas públicas. Desempenham papel crucial na promoção dos afetos, de convivência e no entendimento individual do que somos, do quem somos e do quanto podemos como cidadãos.
A convivência entre pessoas das mais distintas origens geográficas estabelece um senso de pertencimento evolutivo, onde é possível que cresçamos em nossos valores humanos.
Posto isto, na multiplicidade cultural do mundo, há uma série de encontros, uma das mais belas conquistamos por meio da Língua, o multilinguismo.

A diversidade cultural e o multilinguismo, devem ser celebrados e não colocados em “cheque”.
Não existe uma disputa onde todos saem vitoriosos, e é exatamente esta a mensagem maior para que existam os Dias Consagrados às línguas faladas em todo o mundo.
Estas datas possuem importância internacional porque não somente sensibilizam como também contribuem para a valorização e propagação da história de um povo e de sua cultura.
Uma língua não é só uma língua, nela existe o fenômeno do antes, do durante, do depois e do para além disso tudo.
Nossa principal forma de comunicação não é única e de exclusividade particular. A linguagem possui um legado histórico e história não é feita no singular.
Toda evolução linguística aponta muitas mutações, assim como todo sistema funcional e vivo.
A língua por sua vez acompanha a evolução de seu meio, como por exemplo, o contexto social de cada época, e independentemente do nosso simples querer, ela assume suas próprias “rédeas”, as influências.
O não entendimento da valorosa troca de elementos linguísticos de um povo para outro, suscita, principalmente nos tempos atuais, num empobrecimento nos diálogos sobre o assunto, onde as divergentes opiniões ultrapassam os limites do respeito.
A vasta influência linguística dos falares provenientes de uma região a outra, se consolida por meio dos imigrantes que contribuem sobretudo para a expansão dos idiomas, não somente de forma estilística como também funcionalista.
Termos são importados de outras línguas, as variedades de vocábulos, pronúncia, sintaxe e até mesmo em alguns aspectos da norma culta são perfeitamente possíveis. Impossível seria se em nada a Língua pudesse crescer, ganhar novos movimentos, e permanecesse eternamente “bruta”. Certamente não poderíamos celebrar a nossa tão rica Língua Portuguesa, por exemplo.

O nosso Português Brasileiro é mais influenciado por outras línguas, especialmente o Tupi, que resulta em um vocabulário mais diverso, uma pronúncia mais cadenciada e num vívido destaque para as vogais.
O Português Europeu é mais conservador, com maior influência latina, uma pronúncia mais rápida e com tendência a “comer” vogais átonas.
Ainda que haja por um lado, defensores dessa pluralidade da Língua e por outro, seus opositores, o fato, é que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, organização intergovernamental parceira oficial da UNESCO desde 2000, desempenha um importante papel na integração, na promoção e desenvolvimento da Língua entre os países lusófonos – que têm a Língua Portuguesa como oficial.
E foi por meio da CPLP, que ficou estabelecida oficialmente em 2009, a data de 5 de Maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
A Língua Portuguesa é uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes e também a Língua mais falada no Hemisfério Sul.
Uma Língua com tamanha extensão geográfica, tem sua estatística ainda mais elevada em razão dos mais de 210 milhões de brasileiros que falam o idioma.
América, África, Europa e Ásia também possuem seus falantes da Língua Portuguesa devido à expansão marítima de Portugal na época das grandes navegações.
Macau, mesmo pertencente à China – é uma região autônoma da costa sul da China Continental, também se uniu à Comunidade dos Países falantes da Língua Portuguesa, tais  como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Durante a XIV Cimeira Luso-Brasileira, realizada em Brasília no dia 19 de Fevereiro, para a criação de um grupo de trabalho que terá como missão tornar o português um idioma global e defender sua adoção como uma das línguas de trabalho na Organização das Nações Unidas –ONU, foi divulgado um documento oficial onde  Brasil e Portugal sublinharam o valor global da Língua Portuguesa e reiteraram o compromisso conjunto com a sua promoção e valorização internacional através de medidas que concretizem o alargamento  gradual da sua utilização no quadro das Nações Unidas, no objetivo de tornar a Língua Portuguesa, Língua de trabalho na ONU.
Retomando a questão inicial, imagine se todos morassem numa mesma casa.
Os variados idiomas tanto quanto seus dialetos, variações linguísticas, não poderiam ficar aprisionados entre limites territoriais.
Quem nisso vê uma alternativa para que não haja uma suposta perda de identidade cultural, já está perdendo parte da história.
Esta negativa em compreender que neste processo natural de uma língua viva não existe perda de traços distintos de uma cultura, principalmente no que rege seus valores e crenças e sim, acréscimos, faz com que apenas aumente a discriminação e o repúdio às culturas, impactando fundamentalmente no ciclo emigratório e isso sim causa uma desagregação social.
Celebremos a riqueza e a diversidade das Línguas com respeito e consciência sobre sua origem!
Celebremos a nossa Língua Portuguesa e o 5 de Maio conquistado!

Por Amanda da Silveira Lopes
Instagram @faroldaspalavras

 

Amanda da Silveira Lopes

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