No Brasil, ele(a) é ambos! Definitivamente, o(a) Professor(a) é um “artigo” de constante marginalização. Não porque seja um(a) bandido(a) ou qualquer coisa parecida. Sua marginalização se dá por conta de, numa lista de prioridades no Estado, não se encontrar nem em 5° lugar entre elas. E isso explica muita coisa.
Se a educação é, no Brasil, deficitária, isso se dá porque não há, desde há muito, muito, muito tempo mesmo, qualquer lampejo de política que a eleve a um patamar digno em uma “ordem e progresso”. Na verdade, o interesse é o inverso. A intenção é deixar o povo com “menas” informações possíveis. Ou seja, quanto mais ignorante melhor. As eleições municipais são um exemplo disso, de modo que os eleitos, por todo o Brasil, representam exatamente a expectativa, sonhos, expressões, e retrato da cultura do povo brasileiro.
Mas, e o(a) professor(a)? Bem, este(a) convive com as mais inusitadas situações de seu dia-dia. Alguns, mal tem uma sala de aula com um simples giz e um quadro velho para escrever, outros andam quilômetros, debaixo de sol escaldante, vento, frio e chuva, no sertão, na roça, na serra, na cidade, etc., para ensinar a meninada a ler e escrever. Outros viajam enfrentando rios caudalosos em pirogas (canoa insculpida em tronco de árvore), alguns são amassados nos trens e ônibus atrasados num trânsito pesado. Outros, ainda, são ameaçados e até são agredidos pelos alunos, às vezes pelos pais, pelo tráfico, ou seja, pelo sistema que massacra desinibidamente a missão do(a) Professor(a). E, por razões lógicas e conexas, os alunos passam pelas mesmas dificuldades.
E o Poder Público? Por onde anda ele através desse tempo todo? Pois, é! Entra ano e sai ano, passam e voltam eleições e o próprio povo recoloca as antigas raposas e põe novos lobos (com raríssimas exceções) e parece que não muda muita coisa. Chico Anysio, de forma genial, retratou o(a) Professor(a) e a Educação Nacional através do eterno Professor Raimundo e sua célere frase: “E o salário, óh!”
Apesar disso tudo, o valor de um bom Professor(a) não tem preço! São heróis porquanto não desistem da missão que corajosamente abraçaram. Por outro lado, são sobreviventes a um sistema que não se incomoda em financiar o atraso da nação e desvalorizar a classe mais importante de qualquer nação na face da Terra. Se, no Japão, o imperador se curva aos Professores(as), aqui, no Brasil, somos constantemente incentivados ao desânimo. Isso explica muita coisa no Brasil!
Em todo caso, ser Professor(a) é uma dádiva! Não somos masoquistas! Somos cidadãos que ganhamos o pão ensinando, mas com o sonho de transformar a nação em algo melhor. Aliás, a única classe capaz para isso! O que também explica muita coisa, como é o caso da desvalorização da Educação e do(a) Professor(a). É a única profissão que trabalha antes, durante e após o seu “expediente” e ainda perguntam: “Professor(a) o(a) senhor(a) também trabalha ou só dá aulas?”.
É, Professor(a)! que o Senhor abençoe sua jornada que não é nada fácil. Que Deus o proteja! E que nossas futuras gerações possam ver o menor resquício de melhor em nosso país – tão corrupto e ingrato contigo – graças a sua perseverança. Que seu heroísmo o engrandeça sempre de modo nobre! Mas, rogo que sobreviva às intempéries dessa saga que não é nada, nada fácil.
Parabéns, Mestres, pelo seu dia. Que Deus os abençoe hoje e sempre! Nossas esperanças continuam firmes em suas missões!
Marcos Túlio, Advogado e Professor Universitário.